Enquanto a jovem condessa hesitava em seguir Marta e lhe pedia explicações, Michu, que do alto do cabeço seguira as linhas descritas pelos gendarmes e apreendia o plano dos espiões, afligia-se por não ver chegar ninguém. Um piquete de gendarmes seguia ao longo do muro do parque, distanciando-se como sentinelas e não deixando - entre cada homem maior distância que a que seria precisa para comunicarem uns com os outros pelo olhar ou pela palavra, ouvirem e vigiarem os mais ligeiros ruídos e as menores coisas. Michu, deitado de barriga para baixo, ouvido colado ao chão, calculava, à maneira dos índios, pela intensidade do som o tempo que lhe restava.
«Cheguei tarde de mais! - dizia, consigo mesmo. - Violette me pagará! Levou muito tempo para se embebedar!... Que hei-de eu fazer?»
Ouviu passar diante da cancela o piquete que descia da floresta e o que, por uma manobra semelhante à do piquete que vinha do caminho comunal, ia encontrar-se com aquele.
«Mais cinco ou seis minutos!» - disse consigo. Nesse momento aparecia a condessa. Michu deitou-lhe uma mão vigorosa e puxou-a para o caminho coberto.
- Siga em frente! Leva-a - disse para a mulher - até ao sítio onde está o meu cavalo; e lembre-se que os gendarmes têm ouvidos.
Ao ver Catarina como pingalim, as luvas e o chapéu, e sobretudo ao ver a égua e Gothard, este homem, de concepção viva no perigo, resolveu ludibriar os gendarmes com o mesmo êxito com que acabara de ludibriar Violette. Como por magia Gothard conseguira forçar a égua a escalar o fosso.
- Trapos nas patas do cavalo! Dá cá um abraço! - exclamou o administrador, apertando Gothard nos seus braços.
Michu deixou que a égua se aproximasse da dona, e pegou nas luvas, no chapéu e no pingalim.
- Tu és esperto, vais compreender - tornou ele.