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Capítulo 14: O prisioneiro furioso e o prisioneiro louco

Página 100

- Oh, então, senhor, estou livre, estou salvo!

- Quem o mandou prender? - perguntou o inspector.

- O Sr. de Villefort - respondeu Dantès. - Procure-o e fale com ele.

- O Sr. de Villefort já não está em Marselha há um ano, mas sim em Toulouse.

- Não me admira - murmurou Dantès. - O meu único protector foi afastado.

- O Sr. de Villefort tinha algum motivo de ódio contra si? - perguntou o inspector.

- Nenhum, senhor, e até foi benevolente comigo.

- Poderei portanto confiar nas notas que deixou a seu respeito ou nas informações que me der?

- Inteiramente, senhor.

- Está bem, aguarde.

Dantès caiu de joelhos, levantou as mãos ao céu e murmurou uma prece na qual recomendava a Deus aquele homem que descera na prisão semelhante ao Salvador ao ir libertar as almas do Inferno.

A porta voltou a fechar-se; mas a esperança que descera com o inspector ficara fechada na masmorra de Dantès.

- Deseja ver o registo de presos agora ou passar à masmorra do abade? - perguntou o governador.

- Acabemos com as masmorras de uma vez - respondeu o inspector. - Se subisse à luz do dia, talvez já não tivesse coragem de continuar a minha triste missão.

- Oh, o abade não é um prisioneiro como o outro! A sua loucura é menos confrangedora do que a razão do seu vizinho.

- E qual é a sua loucura?

- Uma loucura estranha: julga-se possuidor de um tesouro imenso.

No primeiro ano do seu cativeiro mandou oferecer um milhão ao Governo se o Governo o pusesse em liberdade; no segundo ano, dois milhões; no terceiro, três milhões, e assim sucessivamente.

Vai no quinto ano de cativeiro; portanto, pedir-lhe-á para lhe falar em segredo e oferecer-lhe-á cinco milhões.

- Ah, ah! é curioso, com efeito! - riu o inspector. E como tratam esse milionário?

- Por abade Faria.

- O n.º 27! - disse o inspector.

- É aqui. Abra, Antoine.

O chaveiro obedeceu e o olhar curioso do inspector mergulhou na masmorra do «abade louco»

Era assim que se designava geralmente o prisioneiro.

No meio da cela, num círculo traçado no chão com um bocado de gesso tirado da parede, encontrava-se deitado um homem quase nu, de tal forma as suas roupas se tinham transformado em farrapos.

Desenhava no círculo linhas geométricas muito nítidas e parecia tão ocupado a resolver o seu problema quanto Arquimedes o estava quando foi morto por um soldado de Marcelo. Por isso, não se mexeu, nem mesmo ao ouvir o barulho que a porta da masmorra fez ao abrir-se, e só pareceu despertar quando a luz dos archotes iluminou com uma claridade que não era habitual o solo húmido em que trabalhava. Então virou-se e fitou com surpresa a númerosa companhia que lhe acabava de entrar na cela.

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pág. 100 (Capítulo 14)

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 100

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069