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Capítulo 108: O juiz

Página 1006

A Sr.ª de Villefort experimentou o que deve experimentar a cotovia quando vê o milhafre apertar por cima da sua cabeça os seus círculos mortais.

Um som rouco, quebrado, que não era nem um grito nem um suspiro, escapou-se do peito da Sr.ª de Villefort, que empalideceu até à lividez.

- Senhor, não... não compreendo...

E como se tinha levantado num paroxismo de terror, num segundo paroxismo, mais forte sem dúvida do que o primeiro, deixou-se cair novamente no sofá.

- Perguntei-lhe - continuou Villefort em voz perfeitamente calma - em que sítio escondia o veneno com que matou o meu sogro, Sr. de Saint-Méran, a minha sogra, Barrois e a minha filha, Valentine.

- Meu Deus, que diz o senhor?! - gritou a Sr.ª de Villefort, juntando as mãos.

- Não lhe cabe interrogar-me, mas sim responder.

- Ao marido ou ao juiz? - balbuciou a Sr.ª de Villefort.

- Ao juiz, minha senhora! Ao juiz!

Era um espectáculo medonho ver a palidez da mulher, a angustiado seu olhar, a tremura de todo o seu corpo.

- Senhor!... - murmurou. - Ah, senhor!... - foi tudo quanto disse.

- Não me respondeu, senhora! - gritou o terrível inquiridor.

Depois, acrescentou, com um sorriso ainda mais assustador do que a sua cólera:

- É verdade, pois nem se atreve a negá-lo!

A mulher esboçou um gesto. Villefort prosseguiu, estendendo a mão para ela como se a fosse prender em nome da justiça:

- Nem poderia negá-lo! A senhora cometeu esses vários crimes com impudente habilidade, mas que só poderia enganar as pessoas dispostas, devido à sua afeição, a deixarem-se cegar a seu respeito. Desde a morte da Sr.ª de Saint-Méran que sabia existir um envenenador em minha casa; o Sr. de Avrigny avisara-me. Depois da morte de Barrois - Deus me perdoe! - as minhas suspeitas incidiram sobre alguém, sobre um anjo! As minhas suspeitas, que, mesmo quando não existe crime, estão constantemente despertas no fundo do meu coração. Mas depois da morte de Valentine deixei de ter dúvidas, minha senhora, e não fui só eu que deixei de as ter, o mesmo aconteceu com outras pessoas. Assim o seu crime, agora conhecido por duas pessoas e suspeitado por diversas, vai tornar-se público; e como lhe dizia há pouco, minha senhora, já não é um marido que lhe fala, é um juiz! A jovem senhora escondeu o rosto nas mãos.

- Oh, senhor, suplico-lhe que não acredite nas aparências!... - balbuciou.

- Será cobarde? - perguntou Villefort em tom de desprezo. - Com efeito, sempre notei que os envenenadores eram cobardes. Será cobarde, a senhora que teve a horrível coragem de ver expirar diante de si dois velhos e uma jovem, assassinados por si?

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 1006

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069