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Capítulo 108: O juiz

Página 1007

- Senhor! Senhor!

- Será cobarde - continuou Villefort, com crescente exaltação -, a senhora que contou um a um os minutos de quatro agonias, que imaginou os seus planos infernais e preparou as suas beberagens infames com uma habilidade e uma precisão tão miraculosas? A senhora, que tão bem calculou tudo, ter-se-á esquecido de calcular uma única coisa, isto é, aonde podia levá-la a revelação dos seus crimes? Oh, é impossível, e decerto guardou algum veneno mais suave, mais subtil e mais mortífero do que os outros para escapar ao castigo que lhe era devido!... Espero que ao menos tenha feito isso.

A Sr.ª de Villefort torceu as mãos e caiu de joelhos.

- Bem sei... bem sei que confessa - prosseguiu o marido. - Mas a confissão feita a juízes, a confissão feita no último momento, a confissão feita quando já se não pode negar, essa confissão não diminui em nada o castigo que eles infligem ao culpado.

- O castigo! - gritou a Sr.ª de Villefort. - O castigo! É a segunda vez que o senhor pronuncia essa palavra...

- Sem dúvida. Seria por ser quatro vezes culpada que julgara escapar-lhe? Seria por ser a mulher daquele que reclama o castigo que se convenceu de que o castigo a não atingiria? Não, minha senhora, não! Seja ela quem for, o cadafalso espera a envenenadora, sobretudo se, como lhe dizia há pouco, a envenenadora não teve o cuidado de conservar para si algumas gotas do seu veneno mais seguro.

A Sr.ª de Villefort soltou um grito selvagem e um terror medonho e incontível invadiu-lhe as feições descompostas.

- Oh, não receie o cadafalso, minha senhora! - disse o magistrado. - Não a quero desonrar, porque isso seria desonrar-me a mim mesmo. Não, pelo contrário, se me ouviu bem, deve ter compreendido que não pode morrer no cadafalso.

- Não, não compreendi. Que queria dizer? - balbuciou a pobre mulher, completamente aterrada.

- Queria e quero dizer que a mulher do primeiro magistrado da capital não conspurcará com a sua infâmia um nome sem mácula, nem desonrará ao mesmo tempo o marido e o filho.

- Não! Oh, não!

- Pois bem, minha senhora, será uma boa acção da sua parte, uma boa acção que lhe agradeço.

- Agradece-me?... E o quê?

- O que acaba de dizer.

- Que disse eu? Estou de cabeça perdida; já não compreendo nada. Meu Deus! Meu Deus! E levantou-se, com o cabelo em desalinho e os lábios espumantes.

- Respondeu à pergunta que lhe fiz quando entrei aqui. Lembra-se que lhe perguntei onde estava o veneno de que se servia habitualmente, minha senhora?

A Sr.ª de Villefort ergueu os braços ao céu e apertou convulsivamente as mãos uma na outra.

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 1007

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069