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Capítulo 14: O prisioneiro furioso e o prisioneiro louco

Página 102

- É por isso que me sinto tão feliz por o ver - continuou o abade -, embora me tenha interrompido na altura em que fazia um cálculo muito importante que, se for bem sucedido, talvez modifique o sistema de Newton. Pode conceder-me o favor de uma palavrinha em particular?

- Bem, que dizia eu? - observou o governador ao inspector.

- O senhor conhece a sua gente - respondeu este último sorrindo.

E dirigindo-se ao abade Faria:

- Senhor, o que me pede é impossível.

- No entanto - insistiu o abade -, trata-se de fazer ganhar ao governo uma importância enorme, uma soma de cinco milhões, por exemplo...

- Formidável! - exclamou o inspector, virando-se por sua vez para o governador. - O senhor previu até a importância.

- Vejamos - prosseguiu o abade, notando que o inspector fazia um movimento para se retirar. - Não é necessário que estejamos absolutamente sós; o Sr. Governador poderá assistir à nossa conversa.

- Meu caro senhor - interveio o governador -, para seu mal, sabemos antecipadamente e de cor o que vai dizer. Trata-se dos seus tesouros, não é verdade? Faria olhou aquele homem zombeteiro com olhos onde um observador desinteressado teria decerto visto brilhar a faísca da razão e da verdade.

- Sem dúvida - respondeu - De que quer o senhor que eu fale a não ser disso?

- Sr. Inspector - continuou o governador -, posso contar-lhe essa história tão bem como o abade, pois há quatro ou cinco anos que me enche os ouvidos com ela.

- Isso prova, Sr. Governador - redarguiu o abade -, que é como essas pessoas de que fala a Escritura, que têm olhos e não vêem e têm ouvidos e não ouvem.

- Meu caro senhor - disse o inspector -, o Governo é rico e graças a Deus, não precisa do seu dinheiro. Guarde-o, pois, para o dia em que sair da prisão.

Os olhos do abade dilataram-se. Pegou na mão do inspector.

- Mas se não sair da prisão - observou -, se, contra toda a justiça, me retiverem nesta masmorra e aqui morrer sem legar o meu segredo à ninguém, esse tesouro perder-se-á? Não épreferívelque o Governo o aproveite e eu também? Irei até seis milhões, senhor. Sim, renunciarei a seis milhões e contentar-me-ei com o resto se me restituírem à liberdade.

- Palavra - disse o inspector a meia voz -, se não soubéssemos que este homem está louco era caso para acreditar. Fala em tom tão convicto que parece dizer a verdade.

- Não estou louco, senhor, e digo a verdade - insistiu Faria, que, com a finura de ouvido peculiar aos prisioneiros, não perdera uma única das palavras do inspector. - O tesouro de que lhe falo existe realmente e proponho-me assinar um acordo convosco em virtude do qual me conduzirão ao sítio designado por mim.

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 102

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069