Passados os três meses veio em seu auxílio outro raciocínio que o levou a conceder-se seis meses, mas passados esses seis meses, contando os dias um após outro, verificou que esperara dez meses e meio. E durante esses dez meses e meio nada se modificara no regime da sua prisão, nenhuma notícia animadora lhe fora dada. O carcereiro, interrogado, mostrou-se mudo como de costume.
Dantès começou a duvidar dos seus sentidos, a julgar que o que tomava por uma recordação da sua memória não passava de uma alucinação do seu cérebro e que o anjo consolador que aparecera na sua prisão descera nela trazido pela asa de um sonho.
Passado um ano o governador foi substituído; obtivera a direcção do forte de Ham. Levou consigo vários dos seus subordinados e entre outros o carcereiro de Dantès. Chegou novo governador.
Como lhe parecesse demasiado trabalhoso fixar os nomes dos prisioneiros, passou a designá-los apenas pelos números.
Aquele horrível «hotel» dispunha de cinquenta quartos; os seus ocupantes passaram a ser designados pelo número do quarto que ocupavam, e o infeliz rapaz deixou de se chamar pelo seu nome de Edmond ou pelo seu apelido de Dantès e passou a chamar-se o nº 34.