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Capítulo 114: Peppino

Página 1056

Logo que tocou no solo abriu os olhos.

O caminho era amplo, mas escuro. Peppino, pouco preocupado em esconder-se, agora que estava em «casa», petiscou lume e acendeu um archote.

Mais dois homens desceram atrás de Danglars, formando a retaguarda, os quais, empurrando o banqueiro quando por acaso parava, o fizeram chegar por uma rampa suave ao meio de uma encruzilhada de aspecto sinistro.

Com efeito, as paredes, escavadas em forma de túmulos sobrepostos, pareciam no meio das pedras brancas, órbitas negras e profundas como as das caveiras.

Uma sentinela bateu com a mão esquerda no fuste da carabina.

- Quem vem lá? - perguntou a sentinela.

- Amigo, amigo! - respondeu Peppino. - Onde está o capitão?

- Ali - respondeu a sentinela, indicando por cima do ombro uma espécie de grande sala aberta na rocha e cuja luz se reflectia no corredor através de grandes aberturas arqueadas.

- Boa presa, capitão; boa presa - disse Peppino em italiano.

E agarrando Danglars pela gola da redingote, conduziu-o para uma abertura semelhante a uma porta e pela qual se penetrava na sala em que o capitão parecia alojar-se.

- É esse o homem? - perguntou o capitão, que lia muito atentamente a Vida de Alexandre, de Plutarco.

- O próprio, capitão; o próprio.

- Muito bem. Mostra-mo.

Cumprindo esta ordem, aliás bastante impertinente, Peppino aproximou tão bruscamente o archote da cara de Danglars que este recuou sobressaltado, para não ficar com as sobrancelhas queimadas.

O seu rosto transtornado apresentava todos os indícios de um pálido e abjecto terror.

- Esse homem está cansado - disse o capitão. - Conduzam-no à sua cama.

- Oh! - murmurou Danglars. - A cama é provavelmente um dos túmulos escavados na parede e o sono a morte que um dos punhais que vejo cintilar na sombra me vai dar.

Com efeito, nas profundezas escuras da imensa sala soerguiam-se nas suas camas de ervas secas ou de peles de lobo os companheiros do homem que Albert de Morcerf encontrara a ler os Comentários de César e que Danglars encontrava a ler a Vida de Alexandre.

O banqueiro soltou um gemido abafado e seguiu o seu guia. Não tentou suplicar nem gritar. Já não tinha nem coragem, nem vontade, nem força, nem sensibilidade; iria para onde o arrastassem.

Tropeçou num degrau e, compreendendo que havia uma escada na sua frente, baixou-se instintivamente para não partir a cabeça e encontrou-se numa cela talhada em plena rocha.

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 1056

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069