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Capítulo 114: Peppino

Página 1055

- São talvez ladrões! - murmurou.

De repente, a carruagem rodou sobre qualquer coisa mais dura do que o chão de um caminho arenoso. Danglars arriscou um olhar aos dois lados da estrada. Distinguiu monumentos de forma estranha e o seu pensamento, preocupado com a história de Morcerf, que lhe surgia agora em todos os seus pormenores, o seu pensamento disse-lhe que devia estar na Via ápia. À esquerda da carruagem, numa espécie de vale, via-se uma escavação circular. Era o Circo de Caracala.

A uma ordem do homem que galopava à portinhola da direita, a carruagem parou.

Ao mesmo tempo, a portinhola da esquerda abriu-se.

- Scendi! - ordenou uma vez.

Danglars desceu imediatamente. Ainda não falava italiano, mas já o entendia.

Mais morto do que vivo, o barão olhou à sua volta.

Rodeavam-no quatro homens, sem contar com o postilhão.

- Di quà - disse um dos quatro homens, descendo um carreirinho que levava à Via ápia, no meio das desigualdades do terreno da campina romana.

Danglars seguiu o seu guia, sem discussão, e não teve necessidade de se virar para saber que o seguiam mais três homens.

Pareceu-lhe no entanto que esses homens se detinham como sentinelas a distâncias pouco mais ou menos iguais.

Após cerca de dez minutos de caminho, durante os quais Danglars não trocou uma única palavra com o seu guia, encontrou-se entre um cabeço e uma moita de ervas altas.

Três homens de pé e calados formavam um triângulo de que ele era o centro.

Quis falar, mas a língua embaraçou-se-lhe.

- Avanti - disse a mesma voz de tom breve e imperioso.

Desta vez, Danglars compreendeu duplamente: compreendeu pela palavra e pelo gesto, pois o homem que vinha atrás empurrou-o tão rudemente para diante que ele foi de encontro ao guia.

O guia era o nosso amigo Peppino, que se meteu através das ervas altas por uma sinuosidade que só os furões-bravos e os lagartos seriam capazes de reconhecer como um caminho aberto.

Peppino deteve-se diante de uma rocha encimada por uma moita espessa. Essa rocha, entreaberta como uma pálpebra, deu passagem ao rapaz, que desapareceu nela como desaparecem nos seus alçapões os diabos das nossas mágicas.

A voz e o gesto do que seguia Danglars «convidaram» o banqueiro a fazer o mesmo. Não havia que duvidar: o falido francês estava a contas com os bandidos romanos.

Danglars decidiu-se como um homem colocado entre dois perigos terríveis e a quem o medo dá coragem. Apesar de a sua barriga o não ajudar muito a entrar nas grutas da campina de Roma, lá se introduziu atrás de Peppino e, deixando-se escorregar de olhos fechados, conseguiu cair em pé.

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 1055

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069