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Capítulo 115: A ementa de Luigi Vampa

Página 1061

- Pronto, Excelência - disse Peppino, tirando o frango das mãos do jovem bandido e colocando-o em cima de uma mesa carunchosa, que, com um banco e a cama de peles de bode, constituía todo o mobiliário da cela.

Danglars pediu um garfo e uma faca.

- Aqui tem, Excelência - disse Peppino, oferecendo-lhe uma faquita de ponta romba e um garfo de buxo.

Danglars pegou na faca com uma das mãos e no garfo com a outra e começou a trinchar a ave.

- Perdão, Excelência - disse Peppino, pousando a mão no ombro do banqueiro -, mas aqui paga-se antes de comer. As pessoas podem não ficar satisfeitas no fim...

- Ah, ah, já não é como em Paris, sem contar que provavelmente vão-me esfolar! - exclamou Danglars. - Mas façamos as coisas àgrande... Sempre ouvi dizer que a vida é barata na Itália; um frango deve valer doze soldos em Roma... Aqui tem - acrescentou, atirando um luís a Peppino.

Peppino apanhou o luís e Danglars; aproximou a faca do frango.

- Um momento, Excelência - disse Peppino, endireitando-se. - Um momento. V. Ex.a ainda me fica a dever qualquer coisa...

- Não dizia eu que me esfolariam? - comentou Danglars para consigo.

Depois, resolvido a ver até onde ia a extorsão, perguntou:

- Vejamos, quanto lhe fico a dever por esta ave esquelética?

- V. Ex.a deu um luís por conta.

- Um luís por conta de um frango?

- Sem dúvida, por conta.

- Bom, bom, não me venha com essa!...

- V. Ex.a fica-me ainda a dever apenas quatro mil novecentos e noventa e nove luíses.

Danglars esbugalhou os olhos ao ouvir tão gigantesca pilhéria.

- Muito engraçado, não há dúvida... - murmurou.

E quis continuar a trinchar o frango. Mas Peppino deteve-lhe a mão direita com a mão esquerda e estendeu a outra mão.

- Vamos - disse.

- O quê, não estava a brincar?! - perguntou Danglars.

- Nós nunca brincamos, Excelência - respondeu Peppino, sério como um quacre.

- Como, cem mil francos este frango?! - Excelência, é incrível o trabalho que dá criar galináceos nestas malditas grutas.

- Está bem, está bem! - atalhou Danglars. - Acho isso muito cómico, muito divertido, na verdade, mas, como tenho fome, deixe-me comer. Olhe, tome lá mais um luís para si, meu amigo.

- Então agora só fica a dever quatro mil novecentos e noventa e oito luíses - disse Peppino, conservando o mesmo sangue-frio. - Com paciência, lá chegaremos...

- Oh, quanto a isso - redarguiu Danglars, revoltado com aquela perseverança em o desfrutar -, quanto a isso nunca! Vá para o diabo! Não sabe com quem está a tratar...

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pág. 1061 (Capítulo 115)

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 1061

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069