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Capítulo 117: O 5 de Outubro

Página 1073

Sentou-se e Monte-Cristo sentou-se diante dele.

Encontravam-se na maravilhosa sala de jantar que já descrevemos e em que estátuas de mármore traziam à cabeça cestas cheias de flores e de frutos.

Morrel olhara tudo vagamente e era provável que não tivesse visto nada.

- Conversemos como homens - disse, olhando fixamente o conde.

- Fale - respondeu Monte-Cristo.

- Conde - prosseguiu Morrel -, o senhor reúne em si todos os conhecimentos humanos e dá-me a impressão de provir de um mundo mais avançado e adiantado do que o nosso.

- Há um pouco de verdade nisso, Morrel - respondeu o conde, com o sorriso melancólico que lhe ficava tão bem - Provenho de um planeta chamado dor.

- Acredito em tudo o que o senhor me diz sem procurar aprofundar-lhe o sentido, conde; e a prova é que o senhor me disse que vivesse e eu tenho vivido; que me disse que tivesse esperança e eu quase tenho tido esperança. Ousarei portanto perguntar-lhe, como se o senhor já tivesse morrido uma vez: conde, custa muito? Monte-Cristo fitava Morrel com indefinível expressão de ternura.

- Sim - respondeu. - Sim, sem dúvida, custa muito se quebrarmos brutalmente o invólucro mortal que deseja obstinadamente viver. Se fizermos gritar a nossa carne nos dentes imperceptíveis de um punhal. Se furarmos com uma bala ininteligente e sempre pronta a enganar-se no caminho o nosso cérebro, que o mais pequeno choque magoa. Claro que sofrerá e deixará odiosamente a vida, que no meio da sua agonia desesperada lhe parecerá melhor do que um repouso adquirido tão caro.

- Sim, compreendo - disse Morrel. - A morte, como a vida, tem os seus segredos de dor e volúpia: o principal é desvendá-los.

- Exactamente, Maximilien; acaba de dizer a palavra certa. A morte é, conforme o cuidado que ponhamos em nos darmos bem ou mal com ela, ou uma amiga que nos embala tão suavemente como uma ama, ou uma inimiga que nos arranca violentamente a alma do corpo. Um dia, depois de o nosso mundo viver mais um milhar de anos, quando dominarmos todas as forças destrutivas da natureza para as pormos ao serviço do bem-estar geral da humanidade; quando o homem conhecer, como você dizia há pouco, os segredos da morte, a morte tornar-se-á tão agradável e voluptuosa como o sono saboreado nos braços da nossa bem-amada.

- E se o senhor quisesse morrer, conde, saberia morrer assim?

- Saberia.

Morrel estendeu-lhe a mão.

- Compreendo agora por que motivo me marcou encontro aqui, nesta ilha desolada, no meio do mar, neste palácio subterrâneo, sepulcro capaz de fazer inveja a um faraó: foi porque gosta de mim, não é verdade, conde?

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 1073

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069