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Capítulo 117: O 5 de Outubro

Página 1074
Foi por gostar de mim o suficiente para me dar uma dessas mortes de que me falava há pouco, uma morte sem agonia, uma morte que me permitirá morrer pronunciando o nome de Valentine e apertando a sua mão, conde?

- Sim, adivinhou, Morrel - respondeu o conde com simplicidade. - E é assim que eu a entendo.

- Obrigado. A ideia de que amanhã já não sofrerei é agradável ao meu pobre coração.

- Não leva saudades de ninguém? - perguntou Monte-Cristo.

- Não - respondeu Morrel.

- Nem mesmo de mim? - insistiu o conde, com profunda emoção.

Morrel deteve-se. Os seus olhos tão puros embaciaram-se de súbito; depois brilhou neles um relâmpago desusado e uma grossa lágrima brotou e rolou, deixando-lhe um sulco prateado na face.

- O quê, leva uma saudade da Terra e quer morrer?! - observou o conde.

- Suplico-lhe - pediu Morrel em voz fraca -, nem mais uma palavra, conde; não prolongue o meu suplício! O conde julgou que Morrel fraquejava.

Esta impressão momentânea ressuscitou em si a horrível dúvida já vencida uma vez no castelo de If

«Procuro», pensou, «restituir a felicidade a este homem e encaro essa restituição como um peso posto na balança para equilibrar o prato onde coloquei o mal. Mas se me enganasse, se este homem não fosse suficientemente infeliz para merecer a felicidade? Que seria de mim, que só posso esquecer o mal praticando o bem?»

- Escute, Morrel: a sua dor é enorme, bem vejo; mas no entanto você crê em Deus e não quer arriscar a salvação da sua alma...

Morrel sorriu tristemente.

- Conde, bem sabe que não faço poesia a frio; mas juro-lhe que a minha alma já não me pertence.

- Ouça, Morrel: não tenho nenhum parente no mundo, como sabe. Habituei-me a olhá-lo como um filho. Pois bem, para salvar o meu filho sacrificaria a vida e com mais forte razão a fortuna.

- Que quer dizer?

- Quero dizer, Morrel, que você quer deixar a vida porque não conhece todos os prazeres que a vida permite a uma grande fortuna. Morrel, possuo cerca de cem milhões; dou-lhos. Com semelhante fortuna, poderá alcançar todos os resultados que se propuser. É ambicioso? Todas as carreiras lhe estarão abertas. Revolva o mundo, mude-lhe a face, entregue-se a práticas insensatas, seja criminoso se for preciso, mas viva.

- Conde, tenho a sua palavra - respondeu friamente Morrel; e acrescentou, tirando o relógio: - São onze e meia.

- Morrel! Pensa morrer diante dos meus olhos, na minha casa?

- Então, deixe-me partir - redarguiu Maximilien sombriamente ou julgarei que não gosta de mim por mim, mas sim por si.

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 1074

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069