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Capítulo 15: O número 34 e o número 27

Página 116

Uma pequena oscilação provou a Dantès que as coisas corriam bem. De facto, ao cabo de uma hora a pedra estava fora da parede, onde deixaram um buraco de mais de pé e meio de diâmetro. Dantès apanhou com cuidado toda a argamassa, transportou-a para os cantos da cela, raspou a terra acinzentada com um dos fragmentos da bilha e cobriu a argamassa de terra.

Depois, disposto a tirar proveito daquela noite em que o acaso, ou antes, o excelente truque que imaginara, lhe pusera nas mãos um instrumento tão precioso, continuou a cavar com energia.

Ao amanhecer, recolocou a pedra no buraco, empurrou a cama contra a parede e deitou-se.

O pequeno-almoço consistia num naco de pão. O carcereiro entrou e deixou-o em cima da mesa.

- Então, não traz outro prato? - perguntou Dantès.

- Não - respondeu o carcereiro. - Parte tudo, já partiu a bilha e foi o causador de lhe partir o prato. Se todos os prisioneiros dessem tanta despesa, não sei aonde o Governo havia de ir buscar dinheiro. Deixo-lhe a caçarola, onde lhe deitarei a sopa. Assim, talvez já não parta a sua baixela.

Dantès ergueu os olhos ao céu e juntou as mãos debaixo do cobertor. Aquele pedaço de ferro que lhe deixavam fazia-lhe nascer no coração um impulso de reconhecimento ao Céu mais vivo do que o que alguma vez lhe causara no passado as maiores venturas que experimentara.

Notara, porém, que desde que começara a trabalhar o prisioneiro já não trabalhava.

Que interessava, isso não era motivo para interromper a sua tarefa. Se o vizinho não vinha ter com ele, iria ele ter com ovizinho.

Trabalhou todo o dia sem descanso. à noite, graças ao seu novo instrumento, tirara da muralha mais de dez punhados de fragmentos de pedra de construção, gesso e cimento.

Quando chegou a hora de visita, endireitou o melhor que pôde o cabo da caçarola e colocou o recipiente no seu lugar habitual. O carcereiro deitou nele a costumada ração de sopa e carne - ou antes, de sopa e peixe, pois aquele era dia de jejum, um dos três dias de jejum semanais a que sujeitavam os prisioneiros. Seria mais um meio de calcular o tempo, se há muito Dantès não tivesse renunciado a tal cálculo.

Deitada a sopa, o carcereiro retirou-se.

Desta vez, Dantès quis ter a certeza se o vizinho deixara realmente de trabalhar.

Escutou.

Estava tudo silencioso como durante os três dias em que o trabalho fora interrompido. Dantès suspirou. Era evidente que o vizinho desconfiava dele. No entanto, não desanimou e continuou a trabalhar toda a noite. Mas após duas ou três horas de escavar, encontrou um obstáculo: o ferro já não mordia, deslizava numa superfície plana.

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pág. 116 (Capítulo 15)

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 116

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069