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Capítulo 15: O número 34 e o número 27

Página 117

Dantès apalpou com as mãos e reconheceu que atingira uma viga. A viga atravessava, ou antes, barrava inteiramente o buraco que Dantès começara. Agora era preciso escavar por cima ou por baixo. O pobre rapaz nunca pensara em semelhante obstáculo.

- Oh, meu Deus, meu Deus, pedi-vos tanto que esperava me tivésseis ouvido! - exclamou. - Meu Deus, depois de me terdes tirado a liberdade da vida, meu Deus! Depois de me terdes tirado a calma da morte, meu Deus! Por que me chamastes à existência, meu Deus? Tende piedade de mim e não me deixeis morrer no desespero!

- Quem fala de Deus e de desespero ao mesmo tempo? – perguntou uma voz que parecia vir de baixo da terra e que, abafada pelo local, chegava aos ouvidos do jovem com um acento sepulcral.

Edmond sentiu os cabelos eriçarem-se-lhe na cabeça e recuou nos joelhos.

- Oh, ouvi falar um homem!... - murmurou.

Havia quatro ou cinco anos que Edmond só ouvia falar o carcereiro, e para um preso o carcereiro não é homem: é uma porta viva ajustada à sua porta de carvalho; é um varão de carne entre os varões de ferro.

- Em nome do Céu - gritou Dantès -, quem falou, que volte a falar, embora a sua voz me tenha assustado! Quem é o senhor?

- E o senhor? - perguntou a voz.

- Um pobre prisioneiro - respondeu Dantès, que pela sua parte não punha nenhuma dificuldade em responder.

- De que pais?

- Francês.

- O seu nome?

- Edmond Dantès.

- A sua profissão?

- Marinheiro.

- Há quanto tempo está aqui?

- Desde 28 de Fevereiro de 1815

- O seu crime?

- Estou inocente.

- Mas de que o acusam?

- De conspirar para regresso do imperador.

- Como? Para o regresso do imperador?... O imperador já não está no trono?

- Abdicou em Fontainebleau em 1814 e foi exilado para a ilha de Elba. Mas há quanto tempo está o senhor aqui que ignora tudo isto?

- Desde 1811

Dantès estremeceu. Aquele homem tinha mais quatro anos de prisão do que ele.

- Bom, não escave mais - disse a voz, falando muito depressa.

- Diga-me apenas a que altura se encontra a escavação que fez.

- Rente ao chão.

- Como está escondida?

- Atrás da minha cama.

- Afastaram alguma vez a sua cama do seu lugar desde que o senhor está na cela?

- Nunca.

- Para onde dá a sua cela?

- Para uma passagem coberta.

- E a passagem coberta?

- Para o pátio.

- Pouca sorte! - murmurou a voz.

- Oh, meu Deus, que diz?! - exclamou Dantès.

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pág. 117 (Capítulo 15)

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 117

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069