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Capítulo 15: O número 34 e o número 27

Página 115

Em três dias conseguiu, com inauditas precauções, retirar toda a argamassa e pôr a pedra a nu. A muralha era feita de pequenas pedras de construção, no meio das quais, para aumentar a solidez, tinham colocado, a intervalos, grandes blocos de pedra aparelhados. Era uma dessas pedras que quase descarnara e que se tratava agora de fazer sair do seu alvéolo.

Dantès experimentou com as unhas, mas as unhas eram insuficientes para isso.

Os cacos da bilha, introduzidos nos intervalos, quebravam-se quando Dantès pretendia utilizá-los como alavanca.

Passado uma hora de tentativas inúteis, Dantès levantou-se, com o suor da angústia na testa.

Iria ser detido assim logo ao princípio e teria de esperar, inerte e inútil, que o vizinho, que se esfalfava do seu lado, talvez, fizesse tudo?

Passou-lhe então uma ideia pelo espírito. Ficou de pé a sorrir. A sua testa húmida de suor secou por si mesma.

O carcereiro trazia todos os dias a sopa de Dantès numa caçarola de folha-de-flandres. Essa caçarola continha a sua sopa e a doutro prisioneiro, pois Dantès notara que ou estava completamente cheia ou meio vazia, conforme o carcereiro começava a distribuição da comida por ele ou pelo seu companheiro.

A caçarola tinha um cabo de ferro. Era esse cabo de ferro que Dantès ambicionava e que pagaria, se lhos exigissem em troca, com dez anos de vida.

O carcereiro deitou o conteúdo da caçarola no prato de Dantès. Depois de comer a sopa com uma colher de pau, Dantès lavava o prato, que servia assim todos os dias.

À noite, Dantès pôs o prato no chão, a meio caminho entre a porta e a mesa. Ao entrar, o carcereiro pôs o pé em cima do prato e partiu-se em mil bocados.

Desta vez não havia nada a dizer contra Dantès: fizera mal em deixar o prato no chão, é verdade, mas o carcereiro também não vira onde punha os pés. O carcereiro limitou-se portanto a resmungar.

Em seguida olhou à sua volta para ver onde poderia deitar a sopa; mas a baixela de Dantès limitava-se àquele único prato e não havia por onde escolher.

- Deixe a caçarola - sugeriu Dantès. - Levá-la-á quando me trouxer amanhã o pequeno-almoço.

O conselho ia ao encontro da preguiça do carcereiro, que assim não tinha necessidade de subir, descer e tornar a subir.

Deixou a caçarola. Dantès estremeceu de alegria.

Desta vez comeu rapidamente a sopa e a carne que, segundo o hábito das prisões, deitavam na sopa. Em seguida, depois de esperar uma hora para ter a certeza de que o carcereiro não mudava de ideias, afastou a cama, pegou na caçarola, introduziu a ponta do cabo entre a pedra aparelhada liberta de argamassa e as pedras de construção vizinhas e começou a utilizá-la como alavanca.

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pág. 115 (Capítulo 15)

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 115

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069