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Capítulo 16: Um sábio italiano

Página 121

- Diz que escavou cinquenta pés para chegar aqui?

- Sim. Tal é, pouco mais ou menos, a distância que separa a minha cela da sua. Simplesmente, calculei mal a minha curva, por falta de instrumento de geometria para estabelecer a minha escala de proporções: em vez de quarenta pés de elipse, encontrei cinquenta. Julgava assim, como lhe disse, chegar à parede exterior, furá-la e atirar-me ao mar. Mas segui ao longo da passagem coberta para onde dá a sua cela, em vez de passar por baixo. Todo o meu trabalho está perdido porque essa passagem dá para um pátio cheio de guardas.

- É verdade - concordou Dantès. - Mas a passagem só acompanha um lado da minha cela e a minha cela tem quatro.

- Sim, sem dúvida, mas em primeiro lugar aqui está um que tem como muralha o rochedo. Seriam precisos dez anos de trabalho e dez mineiros munidos de todas as ferramentas próprias para furar o rochedo. Este deve ficar encostado aos alicerces dos aposentos do governador. Cairíamos nas caves, que fecham evidentemente à chave, e seriamos apanhados. O outro lado dá... Espere, para onde dá o outro lado?

- Esse lado era aquele onde se abria a seteira através da qual entrava a luz - seteira que ia sempre estreitando até ao momento que dava entrada à luz e pela qual uma criança não conseguiria decerto passar. Além disso, guarneciam-na três ordens de varões de ferro capazes de tranquilizar a respeito de uma evasão por esse meio o carcereiro mais desconfiado.

Ao mesmo tempo que fazia a pergunta, o recém-chegado ia arrastando a mesa para debaixo da janela.

- Suba para cima da mesa - disse a Dantès.

Dantès obedeceu, subiu para cima da mesa e, adivinhando as intenções do companheiro, encostou-se à parede e estendeu-lhe as mãos.

Aquele que dera como nome o número da sua cela e cujo verdadeiro nome Dantès ainda ignorava, subiu então mais lestamente do que a sua idade poderia fazer pressagiar, com uma habilidade de gato ou de lagarto, primeiro para cima da mesa, depois da mesa para as mãos de Dantès e depois das mãos para os ombros, curvado em dois, porque a abóbada da cela o impedia de se endireitar, meteu a cabeça entre a primeira ordem de varões e conseguiu assim ver de cima para baixo.

Passado um instante, retirou vivamente a cabeça.

- Oh, oh! - exclamou. - Bem me parecia...

Deixou-se escorregar ao longo do corpo de Dantès para cima da mesa e da mesa saltou para o chão.

- Bem lhe parecia o que? - perguntou o rapaz, ansioso, saltando por seu turno atrás dele.

O velho prisioneiro meditava.

- Sim, é isso... - disse por fim. - O quarto lado da sua cela dá para uma galeria exterior, espécie de caminho de ronda, onde passam as patrulhas e fazem guarda sentinelas.

- Tem a certeza?

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 121

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069