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Capítulo 16: Um sábio italiano

Página 122

- Vi a barretina do soldado e a extremidade da espingarda e retirei-me precipitadamente com receio de que ele também me visse.

- E agora? - perguntou Dantès.

- Bem vê que é impossível fugir pela sua cela.

- Então... - continuou o rapaz, em tom interrogativo.

- Então - redarguiu o velho prisioneiro -, que seja feita a vontade de Deus! E uma expressão de profunda resignação espalhou-se pelo rosto do velhote.

Dantès olhou aquele homem que renunciava assim e com tanta filosofia a uma esperança alimentada havia tanto tempo.

Olhou-o com um espanto laivado de admiração.

- Quer agora dizer-me quem é? - perguntou Dantès.

- Oh, meu Deus, quero, se isso ainda lhe pode interessar; agora que já não posso ser-lhe útil em nada!

- Pode ser-me útil confortando-me e amparando-me, pois parece-me forte entre os fortes.

O abade sorriu tristemente.

- Sou o abade Faria - apresentou-se o prisioneiro - e desde que me encontro, como sabe, no Castelo de If. Mas primeiro estive três anos encerrado na Fortaleza de Fenestrelle. Em 1811 transferiram-me do Piemonte para França. Foi então que soube que o destino, que nessa época lhe parecia submisso, dera um filho a Napoleão e que esse filho fora designado no berço rei de Roma.

Estava longe de suspeitar então do que você me disse há pouco, isto, é, que passados quatro anos o colosso seria derrubado.

Quem reina agora em França? Napoleão II?

- Não, Luís XVIII

- Luís XVIII, o irmão de Luís XVI! Os decretos do Céu são estranhos e misteriosos. Qual foi a intenção da Providência abaixando o homem que elevara e elevando o que abaixara?

Dantès seguia com os olhos aquele homem que esquecia por instantes o seu próprio destino para se preocupar assim com os destinos do mundo.

- Sim, sim - continuou -, é como na Inglaterra: depois de Carlos I, Cromwell; depois de Cromwell, Carlos II, e depois de Carlos II talvez qualquer genro, qualquer parente, qualquer príncipe de Orange. Um stathouder que se fará rei. E então novas concessões ao povo, então uma constituição, então a liberdade! Você verá isso, rapaz - declarou virando-se para Dantès fitando-o com olhos brilhantes e profundos como deviam ser os dos profetas.

– Ainda está em idade de o ver e vê-lo-á.

- Sim, se sair daqui

- Tem razão - admitiu o abade Faria. - Estamos presos, embora haja momentos em que o esqueço e, porque os meus olhos trespassam as muralhas que me encerram, me julgue em liberdade.

- Mas por que está preso?

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pág. 122 (Capítulo 16)

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 122

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069