Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 3: Os Catalães

Página 16
Contenta-te com aminha amizade porque, repito-te, é tudo o que te posso oferecer, e eu só ofereço aquilo que estou certa de poder dar.

- Compreendo - disse Fernand. - Suportas com paciência a tua miséria, mas tens medo da minha. Pois bem, Mercédès, amado por ti tentarei a fortuna; dar-me-ás sorte e enriquecerei. Posso tirar melhor partido da minha profissão de pescador; posso empregar-me numa casa comercial; posso eu próprio tornar-me comerciante!

- Não podes tentar nenhuma dessas coisas, Fernand. És soldado e se ainda estás nos Catalães é porque não há guerra. Continua a ser pescador; não te entregues a sonhos que te fariam parecer a realidade ainda mais terrível, e contenta-te com a minha amizade, pois não te posso dar outra coisa.

- Tens razão, Mercédès, serei marinheiro. Terei, em vez do traje dos nossos pais, que desprezas, um chapéu de oleado, uma blusa às riscas e uma jaqueta azul com âncoras nos botões. Não é assim que me devo vestir para te agradar?

- Que queres dizer? - perguntou Mercédès, deitando-lhe um olhar imperioso. - Que queres dizer? Não te compreendo.

- Quero dizer, Mercédès, que só és tão dura e cruel para mim porque esperas alguém que se veste assim. Mas esse que esperas talvez seja inconstante, e se o não é, mar sê-lo-á por ele.

- Fernand, julgava-te bom, mas enganava-me! - gritou Mercédès. - Fernand, só um mau coração chamaria em auxílio do seu ciúme as cóleras de Deus! Sim, não o escondo mais, espero e amo aquele que dizes, e se ele não voltar, em vez de o acusar da inconstância a que te referes, direi que morreu amando-me.

O jovem catalão fez um gesto de raiva.

- Compreendo-te, Fernand odeia-lo porque não te amo e estás disposto a cruzar a tua navalha catalã com o seu punhal! Mas aonde te levará isso? A perderes a minha amizade se saíres vencido e a veres a minha amizade transformar-se em ódio se saíres vencedor. Acredita no que te digo: procurar brigar com um homem é uma péssima maneira de agradar à mulher que ama esse homem. Não, Fernand, não cedas assim aos teus maus pensamentos. Se não me podes ter como mulher, contenta-te com ter-me por amiga e irmã. E depois - acrescentou com os olhos nublados e cheios de lágrimas -, espera, espera, Fernand. Como disseste há pouco, o mar é pérfido, e já lá vão quatro meses que ele partiu; e nesses quatro meses contei muitas tempestades!

Fernand permaneceu impassível. Não procurou enxugar as lágrimas que rolavam pelas faces de Mercédès. E no entanto daria um copo do seu sangue por cada uma dessas lágrimas. Mas essas lágrimas corriam por outro.

Levantou-se, deu uma volta na cabana e tornou a parar diante de Mercédès, de olhos sombrios e punhos fechados.

<< Página Anterior

pág. 16 (Capítulo 3)

Página Seguinte >>

Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 16

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069