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Capítulo 3: Os Catalães

Página 17

- Vejamos, Mercédès - disse por fim -, responde-me mais uma vez: isso está decidido?

- Amo Edmond Dantès - respondeu friamente a jovem - e nenhum outro a não ser Edmond será meu marido.

- E amá-lo-ás sempre?

- Enquanto viver.

Fernand baixou a cabeça como um homem desanimado e soltou um suspiro que mais parecia um gemido. Depois, de repente, levantou a cabeça e perguntou, com os dentes apertados e as narinas frementes:

- E se morreu?

- Se morreu, morrerei também.

- E se te esqueceu?

- Mercédès! - gritou uma voz alegre fora de casa. - Mercédès!

- Ah! - exclamou a jovem, corando de alegria e estremecendo de amor.

- Bem vês que não me esqueceu, pois está aqui!

E correu para a porta, que abriu gritando:

- Aqui, Edmond, estou aqui!

Fernand, pálido e fremente, recuou como um viajante à vista de uma serpente e foi de encontro à cadeira, na qual caiu sentado.

Edmond e Mercédès estavam nos braços um do outro. O sol ardente de Marselha, que penetrava através da abertura da porta, inundava-os de uma torrente de luz. De início não viram nada do que os rodeava; uma felicidade imensa isolava-os do mundo e só dirigiam um ao outro frases entrecortadas, impulsos de uma alegria tão viva que chegavam a parecer expressões de dor. Mas de súbito Edmond descobriu a silhueta escura de Fernand, que se recortava na sombra, pálida e ameaçadora. Num gesto de que ele próprio não tinha consciência, o jovem catalão pousava a mão na faca que trazia à cintura.

- Ah, perdão! - exclamou Dantès, franzindo por sua vez o sobrolho. - Não tinha notado que éramos três.

Depois, virando-se para Mercédès, perguntou:

- Quem é este senhor?

- Este senhor será o teu melhor amigo, Dantès, porque é meu amigo, meu primo, meu irmão. É Fernand, isto é, o homem que depois de ti, Edmond, mais amo no mundo. Não o reconheces?

- Ah, com certeza! - respondeu Edmond.

E sem largar Mercédès, cuja mão apertava numa das suas, estendeu num gesto de cordialidade a outra ao catalão.

Mas, em vez de corresponder a esse gesto amistoso, Fernand ficou mudo e imóvel como uma estátua.

Então, Edmond passeou o seu olhar investigador de Mercédès, comovida e trémula, para Fernand, sombrio e ameaçador. Esse simples olhar revelou-lhe tudo.

A cólera subiu-lhe à cabeça.

- Não teria vindo com tanta pressa a tua casa, Mercédès, se soubesse que encontrava nela um inimigo.

- Um inimigo! - exclamou Mercédès, dirigindo um olhar irado ao primo. - Um inimigo em minha casa, dizes tu, Edmond? Se acreditasse nisso, dar-te-ia o braço e iria contigo para Marselha, deixaria esta casa para nunca mais cá voltar.

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 17

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069