Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 27: O relato

Página 220

- Dois homens que o invejavam, um por amor e o outro por ambição: Fernand e Danglars.

- E de que forma se manifestou essa inveja?

- Denunciaram Edmond como agente bonapartista.

- Mas qual dos dois o denunciou, qual dos dois foi o verdadeiro culpado?

- Ambos, senhor. Um escreveu a carta e o outro pô-la no correio.

- E onde foi escrita essa carta?

- Na própria Reserva, na véspera do casamento.

- Está certo, isso está certo. Oh, Faria, Faria, como conhecias bem os homens e as coisas?...

- Que diz, senhor? - perguntou Caderousse.

- Nada - redarguiu o padre. - Continue.

- Foi Danglars quem escreveu a denúncia com a mão esquerda, para que a sua letra não fosse conhecida, e Fernand quem a enviou.

- Mas o senhor também estava lá! - gritou de súbito o abade.

- Eu? - disse Caderousse, atónito. - Quem lhe disse que também lá estava? O abade viu que avançara demasiado.

- Ninguém - respondeu. - Mas para estar tão bem ao corrente de todos esses pormenores é necessário que os tenha testemunhado.

- É verdade - admitiu Caderousse com voz sufocada. - Eu estava lá

- E não se opôs a essa infâmia? - indagou o abade. – Nesse caso é seu cúmplice.

- Senhor - disse Caderousse -, ambos me tinham feito beber a ponto de quase não saber o que fazia. Via apenas através de uma nuvem. Disse tudo o que pode dizer um homem em semelhante estado, mas responderam-me ambos que era uma partida que queriam pregar a Dantès e daí não adviria quaisquer consequências.

- Mas no dia seguinte, senhor, no dia seguinte bem viu o que aconteceu. E no entanto não disse nada, embora estivesse presente quando o prenderam.

- Tem razão, senhor, de facto estava lá e quis falar, quis dizer tudo, mas Danglars não me deixou. «E se por acaso é culpado?», disse-me. «Se realmente aportou à ilha de Elba e o encarregaram de trazer uma carta para o comité bonapartista de Paris? Se encontram essa carta em seu poder, aqueles que o defenderem passarão por seus cúmplices.» «Eu temia a política, tal como ela se fazia então, confesso, e calei-me. Foi uma cobardia, admito, mas não foi um crime.»

- Compreendo, limitou-se a deixar as coisas seguirem o seu curso e mais nada.

- É verdade, senhor - confessou Caderousse -, e esse é o meu remorso de dia e de noite. Peço muitas vezes perdão a Deus, juro-lhe, tanto mais que essa acção, a única que tenho seriamente a censurar-me em toda a minha vida, é sem dúvida a causa da minha adversidade. Expio um instante egoísmo. Por isso, digo sempre à Carconte quando se queixa: «Cala-te, mulher, é Deus que assim quer.»

<< Página Anterior

pág. 220 (Capítulo 27)

Página Seguinte >>

Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 220

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069