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Capítulo 27: O relato

Página 227

Depois levantou-se e pegou no chapéu e nas luvas.

- Ah! Tudo o que me disse é bem verdade, não é? Posso acreditar inteiramente nas suas palavras? - perguntou ainda.

- Olhe, Sr. Abade - respondeu Caderousse - aqui tem ao canto desta parede um Cristo de madeira benzida, e em cima deste baú o livro dos Evangelhos da minha mulher. Abra o livro e jurarei sobre ele, com a mão estendida para o crucifixo, pela salvação da minha alma e pela minha fé de cristão, que lhe contei tudo como realmente se passou e como o anjo dos homens lhe contará ao ouvido de Deus no dia do Juízo Final!

- Está bem - disse o abade - convencido pelo seu tom de que Caderousse dizia a verdade. - Está bem, que esse dinheiro lhe aproveite! Adeus, volto para longe dos homens, que tanto mal fazem uns aos outros.

Esquivando-se com grande dificuldade aos entusiásticos agradecimentos de Caderousse, o abade retirou pessoalmente a tranca da porta, saiu, montou a cavalo, cumprimentou pela última vez o estalajadeiro, que se confundia em despedidas ruidosas, e partiu na mesma direcção em que viera.

Quando se virou, Caderousse viu atrás de si a Carconte, mais pálida e trémula do que nunca.

- É bem verdade o que ouvi? - perguntou ela.

- O quê? Que nos dava o diamante só para nós? - redarguiu Caderousse, quase louco de alegria.

- Sim.

- Nada mais verdadeiro, porque... ei-lo! A mulher olhou-o um instante. Depois, perguntou em voz abafada:

- E se é falso? Caderousse empalideceu e cambaleou.

- Falso - murmurou -, falso... E por que motivo me daria esse homem um diamante falso?

- Para saber o teu segredo sem o pagar, imbecil! Caderousse ficou um instante aturdido sob o peso desta hipótese.

- Oh - disse passado um instante, pegando no chapéu que colocou por cima do lenço encarnado atado à volta da cabeça -, vamos já sabê-lo!

- Como?

- Hoje é dia de feira em Beaucaire e estão lá joalheiros de Paris. Vou mostrar-lho. Tu, mulher, guarda a casa. Dentro de duas horas estarei de volta.

E Caderousse correu para fora de casa e meteu, sempre correndo, pela estrada oposta à que pouco antes tomara o desconhecido.

- Cinquenta mil francos! - murmurou a Carconte a sós. - É dinheiro... mas não é uma fortuna.

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 227

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069