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Capítulo 29: Acasa Morrel

Página 234
Ora, Coclès vira-os afastarem-se todos sem pensar sequer em averiguar o motivo da sua partida. Como dissemos, para Coclès tudo se resumia numa questão de números, e como, nos vinte anos que tinha de casa, sempre vira os pagamentos efectuarem-se pontualmente e com toda a regularidade, não admitia que essa regularidade se pudesse interromper e esses pagamentos suspender, tal como um moleiro que possui uma azenha alimentada pelas águas de uma ribeira caudalosa não admite que essa ribeira possa deixar de correr. Com efeito, até ali nada viera ainda desmentir a convicção de Coclès. No último fim de mês, os pagamentos tinham-se efectuado com rigorosa pontualidade. Coclès descobrira um erro de setenta cêntimos cometido pelo Sr. Morrel em seu prejuízo, e no mesmo dia restituíra os catorze soldos excedentes ao Sr. Morrel que, com um sorriso melancólico, os recebera e deixara cair numa gaveta quase vazia, dizendo:

- Obrigado, Coclès. Você é a pérola dos tesoureiros.

E Coclès retirara-se satisfeitíssimo, porque um elogio do Sr. Morrel, a pérola das pessoas honestas de Marselha, lisonjeava mais Coclès do que a gratificação de cinquenta escudos.

Mas depois daquele fim de mês tão vitoriosamente concluído, o Sr. Morrel passara por momentos cruéis. Para fazer face a esse fim de mês, reunira todos os seus recursos, e ele próprio, temendo que a notícia da sua penúria se espalhasse em Marselhas e o vissem recorrer a semelhantes extremos, fizera uma viagem à feira de Beaucaire para vender algumas jóias pertencentes à mulher e à filha e parte das suas pratas. Graças a esse sacrifício, tudo se passara ainda dessa vez com a maior honra para a casa Morrel. Mas a caixa ficara completamente vazia. O crédito, assustado pelos boatos que corriam, retirara-se com seu egoísmo habitual, e para fazer face aos cem mil francos a reembolsar em 15 do mês corrente ao Sr. de Boville, bem como aos outros cem mil francos vencíveis em 15 do mês seguinte, o Sr. Morrel só podia contar, na realidade, com a esperança do regresso do Pharaon, de cuja partida soubera por um navio que levantara ferro ao mesmo tempo que ele chegara a bom porto.

Mas esse navio, vindo como o Pharaon de Calcutá, já chegara havia quinze dias, ao passo que do Pharaon não havia nenhuma notícia.

Foi neste estado de coisas que no dia seguinte àquele em que fechara com o Sr. de Boville o importante negócio a que nos referimos o enviado da casa Thomson & French, de Roma, se apresentou em casa do Sr. Morrel.

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 234

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069