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Capítulo 29: Acasa Morrel

Página 236

O inglês olhou-o com um sentimento de curiosidade evidentemente laivada de interesse.

- Senhor - disse Morrel, a quem tal exame pareceu aumentar o mal-estar -, pediu para me falar?

- Pedi, senhor. Já sabe da parte de quem venho, não é verdade?

- Da parte da casa Thomson & French. Foi pelo menos o que me disse o meu tesoureiro.

- E disse-lhe a verdade, senhor. A casa Thomson & French tem de pagar em França, durante o corrente mês e no próximo, trezentos ou quatrocentos mil francos e, conhecedora da rigorosa pontualidade da casa Morrel, reuniu todo o papel que encontrou com a sua assinatura e encarregou-me de, à medida que esse papel se vencer, o cobrar e dar destino a tais fundos.

Morrel soltou um profundo suspiro e passou a mão pela testa coberta de suor.

- Portanto, senhor, possui letras assinadas por mim? perguntou Morrel.

- É verdade, senhor, e de montante bastante considerável.

- Quanto? - perguntou Morrel em voz que procurara tornar firme.

- Vejamos primeiro - atalhou o inglês, tirando um maço de papéis da algibeira - uma transferência de duzentos mil francos feita para a nossa casa pelo Sr. de Boville, o inspector das prisões. Reconhece dever esta importância ao Sr. de Boville?

- Reconheço, senhor. Trata-se de um investimento feito por ele em minha casa, a quatro e meio por cento, vai para cinco anos.

- E que o senhor deve reembolsar...

- Metade em 15 deste mês e metade em 15 do mês próximo.

- Exacto. Depois temos aqui trinta e dois mil e quinhentos francos, a liquidar em fins do mês corrente. Trata-se de letras assinadas pelo senhor e endossadas à nossa ordem por terceiros portadores.

- Também reconheço esses débitos - declarou Morrel, a quem o rubor da vergonha subia à cara ao pensar que pela primeira vez na sua vida talvez não pudesse honrar a sua assinatura.

- É tudo?

- Não, senhor. Tenho ainda para o fim do mês próximo estes valores que nos foram cedidos pelas casas Pascal e Wild & Turner, de Marselha, no montante de cerca de cinquenta e cinco mil francos. Ao todo, duzentos e oitenta e sete mil e quinhentos francos.

É impossível de descrever o que sofria o pobre Morrel durante esta enumeração.

- Duzentos e oitenta e sete mil e quinhentos francos – repetiu maquinalmente.

- Sim, senhor - respondeu o inglês. - Ora - continuou depois de um momento de silêncio -, não lhe ocultarei, Sr. Morrel, que sem deixar de ter em conta a sua probida de, até agora sem mácula, é voz pública em Marselha que o senhor não está em condições de satisfazer os seus compromissos.

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 236

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069