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Capítulo 4: A Conspiração

Página 24

E Caderousse pôs-se a cantar os dois últimos versos de uma canção popular na época:

Todos os maus bebem água,

Como bem o provou o dilúvio.

- Dizia, senhor - insistiu Fernand -, que gostaria de me ajudar.

Mas acrescentou...

- Sim, mas acrescentei... para o ajudar é preciso que Dantès não case com aquela que o senhor ama, e parece-me que o casamento pode muito bem não se realizar sem que Dantès morra.

- Só a morte os separará - disse Fernand.

- Meu amigo, você raciocina como se não tivesse nada na cabeça - atalhou Caderousse -, e aqui o Danglars, que é um finório, um manhoso, um espertalhão, vai-lhe provar que está enganado. Prova, Danglars. Respondo por ti. Diz-lhe que não é necessário que Dantès morra; aliás, seria uma pena que Dantès morresse. É bom rapaz e gosto dele. À saúde de Dantès!

Fernand levantou-se com impaciência.

- Deixe-o - interveio Danglars, retendo o rapaz. - De resto por mais bêbedo que esteja não faz grande diferença. A ausência separa tão bem como a morte... Suponha que existia entre Edmond e Mercédès os muros de uma prisão; estariam tão separados como se houvesse entre eles a pedra de um túmulo.

- Pois sim, mas sai-se da prisão - observou Caderousse, que se agarrava à conversa com os restos da sua inteligência. E quando aquele que sai da prisão se chama Edmond Dantès, vinga-se.

- Que importa! - murmurou Fernand.

- De resto - prosseguiu Caderousse -, sob que acusação se meteria Dantès na prisão? Não roubou, nem matou, nem assassinou.

- Cala-te - ordenou Danglars.

- Não me quero calar - redarguiu Caderousse. - Quero que me digam sob que acusação meteriam Dantès na prisão. Gosto de Dantès. À tua saúde, Dantès! E despejou novo copo de vinho.

Danglars verificou pelos olhos inexpressivos do alfaiate os progressos da embriaguez e prosseguiu, virando-se para Fernand:

- Então, já viu que não há necessidade de o matar?

- De facto não há se, como o senhor dizia há pouco, houver maneira de conseguir que Dantès seja preso. O senhor sabe qual é essa maneira?

- Procurando bem, será possível encontrá-la - respondeu Danglars.

- Mas - continuou - por que diabo me hei-de meter nisso? Porventura é alguma coisa comigo?

- Não sei se é alguma coisa consigo ou não - replicou Fernand, agarrando-o por um braço -, mas o que sei é que o senhor tem qualquer motivo especial de ódio contra Dantès. Quem odeia não se engana a respeito dos sentimentos dos outros.

- Eu motivos de ódio contra Dantès? Palavra que não tenho nenhum. Vi-o infeliz, meu amigo, e a sua infelicidade interessou-me, mais nada. Mas uma vez que julga que procedo em meu próprio benefício, passe muito bem, meu caro amigo, desenrasque-se como puder.

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 24

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069