O Conde de Monte Cristo - Cap. 30: O 5 de Stembro Pág. 245 / 1080

Essas cobranças efectuaram-se e Morrel encontrou-se ainda em condições de fazer face aos seus compromissos quando chegou o fim de Julho.

No tocante ao mandatário da casa Thomson & French, ninguém mais lhe pusera a vista em cima em Marselha. No dia seguinte ou dois dias depois da sua visita a Morrel desaparecera. Ora, como em Marselha só falara com o maire, o inspector das prisões e o Sr. Morrel, a sua passagem só deixara como sinal a diferente recordação com que ficaram dele essas três pessoas.

Quanto aos marinheiros do Pharaon, parece que tinha encontrado qualquer colocação, pois também haviam desaparecido.

O comandante Gaumard, refeito da indisposição que o retivera em Palma, regressou por seu turno, mas hesitava em se apresentar ao Sr. Morrel. Este soube porém da sua chegada e foi procurá-lo pessoalmente. O digno armador sabia antecipadamente, pela descrição de Penelon, a forma corajosa como se comportara o comandante durante todo o sinistro e foi ele quem procurou animá-lo. Além disso, levou-lhe o montante do seu soldo, que o comandante Gaumard não ousaria ir receber.

Quando descia a escada, o Sr. Morrel encontrou Penelon, que subia. Penelon fizera, ao que parecia, bom emprego do seu dinheiro, pois estava todo vestido de novo. Ao ver o seu armador, o digno timoneiro pareceu muito embaraçado.

Afastou-se para o canto mais distante do patamar, passou alternadamente o rolo de tabaco da esquerda para a direita e da direita para a esquerda, arregalando os olhos atarantado, e correspondeu apenas com uma tímida pressão ao aperto de mão que, com a sua cordialidade habitual, lhe ofereceu o Sr. Morrel. Este atribuiu o embaraço de Penelon à elegância da sua indumentária. Era evidente que o excelente homem não se dera por si próprio a semelhante luxo; portanto, estava já sem dúvida contratado a bordo de qualquer outro navio e a sua vergonha provinha, se assim se pode dizer, do facto de não ter usado mais tempo do luto pelo Pharaon. Talvez viesse até informar o comandante Gaumard da sua boa fortuna e apresentar-lhe alguma proposta da parte do seu novo patrão.

«Excelentes homens», disse Morrel para consigo enquanto se afastava, «oxalá o seu novo patrão seja capaz de os estimar como eu os estimo e ser mais feliz do que eu!»

Agosto passou em tentativas constantemente renovadas por Morrel para readquirir o seu antigo crédito ou conseguir outro. Em 20 de Agosto soube-se em Marselha que embarcara na mula-posta e disse-se então que a falência deveria ser declarada no fim desse mês e que Morrel partira antecipadamente para não assistir a esse acto cruel, delegado, sem dúvida, no seu primeiro-escriturário Emmanuel e no seu tesoureiro Coclès.





Os capítulos deste livro

Marselha - A Chegada 1 O pai e o filho 8 Os Catalães 14 A Conspiração 23 O banquete de noivado 28 O substituto do Procurador Régio 38 O interrogatório 47 O Castelo de If 57 A festa de noivado 66 Os Cem Dias 89 O número 34 e o número 27 106 Um sábio italiano 120 A cela do abade 128 O Tesouro 143 O terceiro ataque 153 O cemitério do Castelo de If 162 A Ilha de Tiboulen 167 Os contrabandistas 178 A ilha de Monte-Cristo 185 Deslumbramento 192 O desconhecido 200 A Estalagem da Ponte do Gard 206 O relato 217 Os registos das prisões 228 Acasa Morrel 233 O 5 de Stembro 244 Itália - Simbad, o marinheiro 257 Despertar 278 Bandidos Romanos 283 Aparição 309 A Mazzolata 327 O Carnaval de Roma 340 As Catacumbas de São Sebastião 356 O encontro 369 Os convivas 375 O almoço 392 A apresentação 403 O Sr. Bertuccio 415 A Casa de Auteuil 419 A vendetta 425 A chuva de sangue 444 O crédito ilimitado 454 A parelha pigarça 464 Ideologia 474 Haydée 484 A família Morrel 488 Píramo e Tisbe 496 Toxicologia 505 Roberto, o diabo 519 A alta e a baixa 531 O major Cavalcanti 540 Andrea Cavalcanti 548 O campo de Luzerna 557 O Sr. Noirtier de Villefort 566 O testamento 573 O telégrafo 580 Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588 Os fantasmas 596 O jantar 604 O mendigo 613 Cena conjugal 620 Projetos de casamento 629 No gabinete do Procurador Régio 637 Um baile de Verão 647 As informações 653 O baile 661 O pão e o sal 668 A Sra. de Saint-Méran 672 A promessa 682 O jazigo da família Villefort 705 A ata da sessão 713 Os progressos de Cavalcanti filho 723 Haydée 732 Escrevem-nos de Janina 748 A limonada 762 A acusação 771 O quarto do padeiro reformado 776 O assalto 790 A mão de Deus 801 Beauchamp 806 A viagem 812 O julgamento 822 A provocação 834 O insulto 840 A Noite 848 O duelo 855 A mãe e o filho 865 O suicídio 871 Valentine 879 A confissão 885 O pai e a filha 895 O contrato 903 A estrada da Bélgica 912 A estalagem do sino e da garrafa 917 A lei 928 A aparição 937 Locusta 943 Valentine 948 Maximilien 953 A assinatura de Danglars 961 O Cemitério do Père-lachaise 970 A partilha 981 O covil dos leões 994 O juiz 1001 No tribunal 1009 O libelo acusatório 1014 Expiação 1021 A partida 1028 O passado 1039 Peppino 1049 A ementa de Luigi Vampa 1058 O Perdão 1064 O 5 de Outubro 1069