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Capítulo 30: O 5 de Stembro

Página 255

Morrel voltou a cair na sua cadeira. Faltavam-lhe as forças e a sua inteligência recusava-se a classificar aquela sucessão de acontecimentos incríveis, inauditos, fabulosos.

Mas o filho entrou por seu turno.

- Pai! - gritou Maximilien. - Não dizia que o Pharaon naufragara? Pois o vigia assinalou-o, está a entrar no porto!

- Meus amigos - disse Morrel -, se isso fosse verdade, seria necessário acreditar num milagre de Deus. Impossível! Impossível! Mas o que era real e não menos incrível era aquela bolsa que tinha na mão, era aquela letra resgatada, era aquele magnífico diamante.

- Ah, senhor! - disse Coclès por seu turno. - Que significa isto? O Pharaon...

- Vamos, meus filhos - atalhou Morrel, levantando-se -, vamos ver e que Deus tenha piedade de nós se a notícia é falsa.

Desceram. A meio da escada encontraram a Sr.ª Morrel. A pobre mulher não ousava subir.

Chegaram num instante à Cannebière.

Havia muita gente no porto.

Toda ela se afastou diante de Morrel.

- O Pharaon! o Pharaon! - diziam todas aquelas vozes.

De facto, coisa maravilhosa, inaudita, diante da Torre de S. João um navio, tendo à popa estas palavras escritas em letras brancas Pharaon (Morrel & Filhos, Marselha) absolutamente idêntico ao outro Pharaon e como o outro carregado de cochonilha e índigo, ancorava e ferrava as velas. Na ponte, o comandante Gaumard dava as suas ordens e mestre Penelon fazia sinais ao Sr. Morrel.

Já não era possível duvidar: o testemunho dos sentidos estava ali e dez mil pessoas confirmavam esse testemunho.

Quando Morrel e o filho se abraçaram no molhe, perante os aplausos de toda a cidade, testemunha daquele prodígio, um homem, com o rosto semicoberto por uma barba preta e que escondido atrás da guarita de uma sentinela assistia à cena enternecido, murmurou estas palavras:

- Sê feliz, nobre coração; sê abençoado por todo o bem que fizeste e que ainda farás, e que o meu reconhecimento permaneça na sombra como o teu bem-fazer.

E com um sorriso, em que transpareciam a alegria e a felicidade, deixou o seu esconderijo e, sem que ninguém lhe prestasse atenção, de tal modo estavam todos interessados no acontecimento do dia, desceu uma dessas escadinhas que servem de cais e chamou três vezes:

- Jacopo! Jacopo! Jacopo! Então veio ao seu encontro uma chalupa, que o recebeu a bordo e o transportou para um iate ricamente aparelhado, para a coberta do qual subiu com a ligeireza de um marinheiro. Daí, olhou mais uma vez para Morrel, que chorando de alegria distribuía cordiais apertos de mão a toda a gente e agradecia com um olhar vago ao benfeitor desconhecido que parecia procurar no Céu.

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 255

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069