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Capítulo 31: Itália - Simbad, o marinheiro

Página 260
Finalmente, solta um derradeiro estertor, dá uma última volta sobre si mesmo e desaparece no abismo no meio de um grande turbilhão que gira um instante, diminui pouco a pouco e acaba por se extinguir por completo, de forma que ao cabo de cinco minutos só a vista de Deus descobriria no fundo daquele mar calmo o navio desaparecido. Compreende agora - acrescentou o patrão sorrindo.

Por que motivo o navio não regressa ao porto e a tripulação se não queixa? Se Gaetano tivesse contado a história antes de propor a expedição, é provável que Franz tivesse pensado duas vezes antes de a empreender. Mas já tinham partido e pareceu-lhe que seria cobardia recuar. Era um desses homens que não procuram as situações perigosas, mas que se essas situações vêm ao seu encontro conservam um sangue-frio inalterável para as combater. Era um desses homens de vontade calma que encaram um perigo na vida como um adversário num duelo, que calculam os seus movimentos, estudam a sua força, se contêm o suficiente para recuperar o fôlego, mas não o bastante para parecerem cobardes, que avaliando num só olhar todas as suas vantagens matam de um único golpe.

- Ora! - exclamou. - Atravessei a Sicília e a Calábria, naveguei dois meses no arquipélago e nunca vi a sombra de um bandido ou de um corsário.

- Também não disse isto a Vossa Excelência para o fazer renunciar ao seu projecto - declarou Gaetano. - Interrogou-me e eu limitei-me a responder-lhe, mais nada.

- Claro, meu caro Gaetano, e o que diz é muito interessante, por isso, como desejo ter o prazer de o ouvir o mais tempo possível, sigamos para Monte-Cristo.

Entretanto, aproximavam-se rapidamente do termo da viagem O vento era fresco e de feição e a embarcação dava sete milhas por hora. À medida que se aproximavam, a ilha parecia sair límpida dos últimos raios do Sol e distinguia-se, como os pelouros num arsenal, o aglomerado de rochedos empilhados uns sobre os outros, em cujos interstícios se viam avermelhar urzes e verdejar árvores. Quanto aos marinheiros, embora parecessem perfeitamente tranquilos, era evidente que se encontravam alerta e que o seu olhar interrogava o vasto espelho sobre o qual deslizavam e em cujo horizonte se viam apenas alguns barcos de pescadores que, com as suas velas brancas, balouçavam como gaivotas na crista das vagas.

Encontravam-se apenas a cerca de quinze milhas de Monte-Cristo quando o Sol começou a pôr-se atrás da Córsega, cujas montanhas apareciam à direita, recortando no céu o seu sombrio rendilhado. Aquela massa de pedra semelhante ao gigante Adamastor erguia-se ameaçadora diante da embarcação, à qual roubava o sol, cuja parte superior se dourava. Pouco a pouco, a sombra subiu do mar e pareceu expulsar diante de si aquele derradeiro reflexo do dia prestes a findar.

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 260

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069