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Capítulo 31: Itália - Simbad, o marinheiro

Página 272

- Porque - respondeu Franz - o senhor tem todo o ar de um homem que, perseguido pela sociedade, tem uma conta terrível a ajustar com ela.

- Pois engana-se! - volveu-lhe Simbad, rindo com o seu riso estranho, que lhe descobria os dentes brancos e agudos. – Aqui onde me vê sou uma espécie de filantropo e talvez um dia vá a Paris fazer concorrência ao Sr. Appert e ao homem da capa azul.

- E será a primeira vez que fará essa viagem?

- Oh, meu Deus, claro que sim! Tenho o ar de ser muito pouco curioso, não tenho? Pois garanto-lhe não ser responsável por tão grande demora. Mas irei lá, mais dia menos dia!

- Peço-lhe que seja mais preciso, conta fazer brevemente essa viagem?

- Ainda não sei. Depende de circunstâncias submetidas a combinações incertas.

- Gostaria de lá estar nessa altura para procurar retribuir-lhe, na medida das minhas possibilidades, a hospitalidade que me dispensou tão generosamente em Monte-Cristo.

- Aceitaria a sua oferta com muito prazer, mas infelizmente, se lá for, será talvez incógnito.

Entretanto, a ceia continuava e parecia ter sido servida exclusivamente em intenção de Franz, pois o desconhecido mal tocara num ou dois pratos de esplêndido festim que lhe oferecera e ao qual o seu conviva inesperado fazia as mais amplas honras.

Por fim, Ali trouxe a sobremesa, ou antes, tirou os cestos das mãos das estátuas e pô-las em cima da mesa. Entre os dois cestos colocou uma tacinha de prata dourada, com tampa do mesmo metal.

O respeito com que Ali trouxe a taça despertou a curiosidade de Franz. Levantou a tampa e viu uma espécie de pasta esverdeava que lembrava compota de angélica, mas que lhe era completamente desconhecida. Recolocou a tampa, tão ignorante do que a taça continha depois de a tapar como antes de a destapar, e olhou para o seu anfitrião, que sorria da sua decepção.

- Não consegue adivinhar - disse-lhe ele - que espécie de comestível contém essa tacinha e isso intriga-o, não é verdade?

- Confesso que sim.

- Pois bem, essa espécie de compota verde é, nem mais nem menos, a ambrósia que Hebe servia à mesa de Júpiter.

- Mas essa ambrósia - observou Franz - perdeu sem dúvida, ao passar para a mão dos homens, o seu nome celeste para tomar um nome humano. Em linguagem vulgar, como se chama este ingrediente, pelo qual, aliás, não sinto grande simpatia?

- Ora aí está justamente uma coisa que revela a nossa origem material! - exclamou Simbad. - Muitas vezes passamos assim ao lado da felicidade sem a ver, sem a olhar, ou, se a vemos e olhamos, sem a reconhecer. Se é um homem positivo e o ouro é o seu deus, saboreie isto e abrir-se-lhe-ão as minas do Peru, de Guzarate e de Golconda.

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 272

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069