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Capítulo 33: Bandidos Romanos

Página 289

- Continue, mestre Pastrini - interveio Franz, sorrindo da susceptibilidade do amigo. - E a que classe da sociedade pertencia?

- Era um simples pastorinho ligado à quinta do conde de San- Felice, situada entre a Palestrina e o lago de Gabri. Nascera em Pampinara e entrara aos cinco anos de idade ao serviço do conde. O pai, que também era pastor em Anagni, tinha um rebanhozito e vivia da lã dos seus carneiros e da venda do leite das suas ovelhas, que vinha negociar a Roma.

»Ainda criança, o pequeno Vampa já tinha um carácter estranho. Um dia, contava sete anos, procurou o pároco de Palestrina e pediu-lhe que o ensinasse a ler. Era coisa difícil, porque o jovem pastor não podia abandonar o rebanho. Mas o bom do pároco ia todos os dias dizer missa numa pobre aldeola, muito pouco considerável para pagar a um padre, e que como nem sequer tinha nome era conhecida pelo de Borgo. O padre propôs a Luigi que se encontrasse com ele no caminho à hora do seu regresso. Dar-lhe-ia assim a lição, mas preveniu-o de que a lição seria curta e de que deveria por consequência aproveitá-la. O garoto aceitou com alegria.

»todos os dias, Luigi levava o rebanho a pastar no caminho de Palestrina ao Borgo; todos os dias às nove da manhã o pároco passava, o padre e o garoto sentavam-se à beira de uma vala e o pastorinho dava a sua lição pelo breviário do sacerdote.

»Passados três meses sabia ler.

»Mas isso não bastava; precisava agora de aprender a escrever.

»O padre mandou fazer a um professor de caligrafia de Roma três abecedários: um grande, um médio e um pequeno, e mostrou-lhe que copiando o abecedário numa ardósia com uma pena de ferro poderia aprender a escrever.

»Nessa mesma tarde, quando o rebanho regressou à quinta, o pequeno Vampa, correu à oficina do ferreiro de Palestrina, pegou num grande prego, forjou-o, martelou-o, arredondou-o e transformou-o numa espécie de estilete antigo.

»No dia seguinte reuniu uma provisão de ardósia e meteu mãos à obra.

»Passados três meses sabia escrever.

»O pároco, atónico com aquela profunda inteligência e impressionado com semelhante aptidão, ofereceu-lhe diversos cadernos de papel, um pacote de penas e um canivete.

»Foi uma nova aprendizagem, mas uma aprendizagem que não era nada comparada com a primeira. Passados oito dias, manejava a pena como manejava o estilete.

»O pároco contou o caso ao conde de San- Felice, que quis ver o pastorinho, o mandou ler e escrever na sua presença, ordenou ao intendente que o mandasse comer com os criados e deu-lhes duas piastras por mês.

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 289

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069