- Per Bacco! - exclamou mestre Pastrini. - Ora aí está o que se chama falar! Albert serviu-se de um copo de lacryma Christi, que bebeu aos golinhos, resmungando palavras ininteligíveis.
- Agora, mestre Pastrini - prosseguiu Franz -, que o meu companheiro está calmo e o senhor teve ensejo de apreciar as minhas disposições pacíficas; agora, vejamos quem é o Sr Luigi Vampa? É pastor ou patrício? Novo ou velho? Baixo ou alto? Descreva-no-lo, a fim de, se o encontrarmos por acaso no mundo como Jean Sbogar ou Lara, possamos ao menos reconhecê-lo.
- Não poderia dirigir-se a ninguém mais indicado do que eu, Excelência, para ter pormenores exactos, pois conheci Luigi Vampa em criança. E até um dia em que eu próprio lhe caí nas mãos, ao ir de Ferentino para Alatri, teve a sorte de se lembrar de mim, do nosso antigo conhecimento. Deixou-me passar, não só sem me fazer pagar o resgate, mas também só depois de me oferecer um riquíssimo relógio e de me contar a sua história.
- Vejamos o relógio.
Mestre Pastrini tirou da algibeira do colete um magnífico Bréguet com o nome do seu autor, a marca de Paris e uma coroa de conde.
- Aqui o tem - disse.
- Apre! - exclamou Albert. - Os meus cumprimentos. Tenho um mais ou menos idêntico - e tirou o relógio da algibeira do colete -, mas custou-me três mil francos.
- Ouçamos a história - disse Franz por seu turno, puxando uma poltrona e fazendo sinal a mestre Pastrini para se sentar.
- Vossas Excelências dão-me licença? - perguntou o hoteleiro.
- Por Deus, você, meu caro, não é um pregador para falar de pé - observou Albert
O hoteleiro sentou-se depois de fazer a cada um dos seus futuros ouvintes uma saudação respeitosa, a qual tinha como finalidade indicar que estava pronto a prestar a respeito de Luigi Vampa as informações que desejassem.
- Um momento! - pediu, Franz, detendo mestre Pastrini quando este já abria a boca. - Diz que conheceu Luigi Vampa em pequeno. É portanto ainda um homem novo?
- Como um homem novo?... Evidentemente que sim. Tem apenas vinte e dois anos! Oh, é um figurão que irá longe, podem ter a certeza!
- Que diz a isto, Albert? É belo, aos vinte e dois anos, ter já conseguido uma reputação - comentou Franz.
- Sim, decerto. Na sua idade, Alexandre, César e Napoleão, que depois fizeram certo barulho no mundo, não estavam tão adiantados como ele.
- Portanto, o herói cuja história vamos ouvir só tem vinte e dois anos? - prosseguiu Franz, dirigindo-se ao hoteleiro.
- Só, como já tive a honra de lhe dizer.
- É alto ou baixo?
- De estatura média. Pouco mais ou menos como Sua Excelência respondeu o hoteleiro, indicando Albert.
- Obrigado pela comparação - disse este, inclinando-se.