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Capítulo 33: Bandidos Romanos

Página 301

»Por isso, foi com muitos cumprimentos que o seu belo par a reconduziu ao lugar onde a fora buscar e esperava Luigi.

»Duas ou três vezes, durante a contradança, a rapariga lhe deitara uma olhadela e de todas as vezes o vira pálido e de rosto crispado. Uma vez até a lâmina do seu punhal, meio tirado da bainha, cegara-a como um relâmpago sinistro.

»Foi pois quase trémula que retomou o braço do amado.

»A quadrilha obtivera o maior êxito e era evidente que todos desejavam fazer segunda edição. Só Carmela se opunha a isso. Mas o conde de San-Felice insistiu com a filha tão ternamente que ela acabou por consentir.

»Imediatamente um dos cavalheiros se adiantou para convidar Teresa, sem a qual era impossível a contradança realizar-se, mas a rapariga já desaparecera.

»Com efeito, Luigi não se sentira com coragem para suportar segunda prova; e meio por persuasão, meio à força, arrastara Teresa para outro ponto do jardim. Teresa cedera muito a seu pesar; mas vira a cara transtornada do rapaz e compreendera, pelo seu silêncio entrecortado de estremecimentos nervosos, que algo estranho se passava nele. Ela própria não estava isenta da agitação interior, e embora nada tivesse feito de mal, compreendia que Luigi tinha o direito de a censurar. A respeito de quê? Ignorava-o, mas nem por isso sentia menos que as censuras seriam merecidas.

»Todavia, com grande espanto de Teresa, Luigi ficou calado e nem uma palavra lhe entreabriu os lábios durante todo o resto da noite. Somente quando o frio nocturno expulsou os convidados do jardim e as portas do palácio se voltaram a fechar para eles, pois a partir dali a festa ia continuar, mas lá dentro, ao acompanhar Teresa a casa, lhe perguntou quando ele ia a entrar:

»- Teresa, em que pensavas quando dançavas diante da jovem condessa de San-Felice?

»- Pensava - respondeu a rapariga com toda a franqueza da sua alma - que daria metade da minha vida para ter um vestido como o que ela trazia.

»- E que te dizia o teu par?

»- Dizia-me que só de mim dependia possuí-lo e que para o ter me bastaria dizer uma palavra.

»- E tinha razão - respondeu Luigi. - Deseja-lo tão ardentemente como dizes?

»- Desejo.

»- Pois bem, tê-lo-ás!

»Atónita, a rapariga levantou a cabeça para o interrogar; mas o rosto de Luigi tinha uma expressão tão terrível e sombria que as palavras lhe gelaram nos lábios.

»De resto, depois de dizer o que dissera, Luigi retirara-se.

»Teresa seguiu-o com a vista na noite, enquanto o pôde distinguir. Depois, quando ele desapareceu, entrou em casa suspirando.

»Nessa mesma noite declarou-se um grande incêndio, devido, sem dúvida, à imprudência de algum criado que se esquecera de apagar as luzes. O fogo apoderou-se do Palácio San-Felice precisamente a partir dos aposentos da linda Carmela.

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 301

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069