O Conde de Monte Cristo - Cap. 33: Bandidos Romanos Pág. 306 / 1080

»E ambos se dirigiram para a floresta, cuja orla transpuseram ao cabo de poucos minutos.

»Escusado será dizer que Vampa conhecia todos os caminhos da montanha. Penetrou portanto na floresta sem hesitar um só instante, embora não houvesse nenhum carreiro aberto, mas orientando-se apenas no caminho que devia seguir pelo exame das árvores e das moitas. Caminharam assim hora e meia, aproximadamente.

»Ao fim desse tempo encontravam-se na parte mais densa do bosque. O leito de um rio seco conduzia a uma garganta profunda. Vampa tomou esse estranho caminho que, apertado entre duas margens e escurecido pela sombra espessa dos pinheiros, parecia, excepto na facilidade da descida, o caminho do Averno de que fala Virgílio.

»Teresa ficou atemorizada com o aspecto daquele local selvagem e deserto e chegou-se mais para o seu guia sem dizer palavra. Mas como o via caminhar sempre com o mesmo passo e uma calma profunda lhe iluminasse o rosto, ela própria acabou por conseguir dissimular a sua emoção.

»De súbito, a dez passos deles, um homem pareceu destacar-se de uma árvore atrás da qual se encontrava escondido e apontou a arma a Vampa.

»- Nem mais um passo ou morres! - gritou.

»- Pois sim - respondeu Vampa, levantando a mão num gesto de desprezo, enquanto Teresa, já sem esconder o seu terror, se apertava contra ele. Porque os lobos também se comem uns aos outros!...

»- Quem és? - perguntou a sentinela.

»- Luigi Vampa, pastor da quinta de San-Felice.

»- Que queres?

»- Falar com os teus companheiros que estão na clareira de Rocca Bianca.

»- Então, segue-me - disse a sentinela. - Ou antes, como sabes onde fica a clareira, vai à frente.

»Vampa sorriu com ar de desprezo da precaução do bandido, passou para a frente com Teresa e continuou o seu caminho com o mesmo passo firme e tranquilo que o trouxera até ali

»Ao cabo de cinco minutos, o bandido mandou-os parar.

»Os dois jovens obedeceram.

»O bandido imitou três vezes o grasnar do corvo.

»Outro grasnido respondeu ao triplo chamamento

»- Pronto - disse o bandido -, agora podes seguir.

»Luigi e Teresa recomeçaram a andar.

»Mas à medida que avançavam, mais Teresa, trémula, se apertava contra o noivo. Com efeito, através das árvores viam-se aparecer armas e cintilar canos de espingarda.

»A clareira de Rocca Bianca ficava no alto de uma pequena montanha que noutros tempos fora sem dúvida um vulcão, vulcão extinto antes de Rómulo e Remo deixarem Alba para vir edificar Roma.





Os capítulos deste livro

Marselha - A Chegada 1 O pai e o filho 8 Os Catalães 14 A Conspiração 23 O banquete de noivado 28 O substituto do Procurador Régio 38 O interrogatório 47 O Castelo de If 57 A festa de noivado 66 Os Cem Dias 89 O número 34 e o número 27 106 Um sábio italiano 120 A cela do abade 128 O Tesouro 143 O terceiro ataque 153 O cemitério do Castelo de If 162 A Ilha de Tiboulen 167 Os contrabandistas 178 A ilha de Monte-Cristo 185 Deslumbramento 192 O desconhecido 200 A Estalagem da Ponte do Gard 206 O relato 217 Os registos das prisões 228 Acasa Morrel 233 O 5 de Stembro 244 Itália - Simbad, o marinheiro 257 Despertar 278 Bandidos Romanos 283 Aparição 309 A Mazzolata 327 O Carnaval de Roma 340 As Catacumbas de São Sebastião 356 O encontro 369 Os convivas 375 O almoço 392 A apresentação 403 O Sr. Bertuccio 415 A Casa de Auteuil 419 A vendetta 425 A chuva de sangue 444 O crédito ilimitado 454 A parelha pigarça 464 Ideologia 474 Haydée 484 A família Morrel 488 Píramo e Tisbe 496 Toxicologia 505 Roberto, o diabo 519 A alta e a baixa 531 O major Cavalcanti 540 Andrea Cavalcanti 548 O campo de Luzerna 557 O Sr. Noirtier de Villefort 566 O testamento 573 O telégrafo 580 Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588 Os fantasmas 596 O jantar 604 O mendigo 613 Cena conjugal 620 Projetos de casamento 629 No gabinete do Procurador Régio 637 Um baile de Verão 647 As informações 653 O baile 661 O pão e o sal 668 A Sra. de Saint-Méran 672 A promessa 682 O jazigo da família Villefort 705 A ata da sessão 713 Os progressos de Cavalcanti filho 723 Haydée 732 Escrevem-nos de Janina 748 A limonada 762 A acusação 771 O quarto do padeiro reformado 776 O assalto 790 A mão de Deus 801 Beauchamp 806 A viagem 812 O julgamento 822 A provocação 834 O insulto 840 A Noite 848 O duelo 855 A mãe e o filho 865 O suicídio 871 Valentine 879 A confissão 885 O pai e a filha 895 O contrato 903 A estrada da Bélgica 912 A estalagem do sino e da garrafa 917 A lei 928 A aparição 937 Locusta 943 Valentine 948 Maximilien 953 A assinatura de Danglars 961 O Cemitério do Père-lachaise 970 A partilha 981 O covil dos leões 994 O juiz 1001 No tribunal 1009 O libelo acusatório 1014 Expiação 1021 A partida 1028 O passado 1039 Peppino 1049 A ementa de Luigi Vampa 1058 O Perdão 1064 O 5 de Outubro 1069