O Conde de Monte Cristo - Cap. 34: Aparição Pág. 312 / 1080

Acabam de dar dez horas em S. João de Latrão.

- Eu é que cheguei adiantado e não você que chegou atrasado - respondeu o desconhecido no mais puro toscano. - Portanto, deixemo-nos de desculpas. De resto, se me fizesse esperar estou certo de que seria por motivo independente da sua vontade.

- E teria razão, Excelência. Venho do Castelo de Santo Angelo e tive muita dificuldade em falar com Beppo.

- Quem é esse Beppo?

- Beppo é um funcionário da prisão a quem pago uma pequena subvenção para saber o que se passa dentro do castelo de Sua Santidade.

- Ah, ah, vejo que é homem precavido, meu caro!...

- Que quer, Excelência, nunca se sabe o que pode acontecer... Talvez um dia me apanhem na rede com o pobre Peppino e precise de um rato para me roer algumas malhas da minha prisão...

- Em suma, que soube?

- Haverá duas execuções na terça-feira às duas horas, como é hábito em Roma aquando do início de grandes festas. Um condenado será mazzolato. Trata-se de um miserável que assassinou um padre que o criou e que não merece qualquer interesse. O outro será decapitado, e esse é o pobre Peppino.

- Que quer, meu caro, inspira tão grande terror não só ao governo pontifício, como também aos reinos vizinhos, que pretendem absolutamente dar um exemplo.

- Mas Peppino nem sequer pertenceu à minha quadrilha. É um pobre pastor que apenas cometeu o crime de nos fornecer víveres.

- O que o constituiu perfeitamente em seu cúmplice. Por isso, têm alguma consideração com ele: em vez de o fustigarem, como acontecerá consigo se alguma vez lhe puserem as mãos em cima, limitar-se-ão a guilhotiná-lo. De resto, isso variará os prazeres do povo e haverá espectáculo para todos os gostos.

- Sem contar com o que organizo e pelo qual ninguém espera - acrescentou o trastevenano.

- Meu caro amigo, permita-me que lhe diga que me parece disposto a cometer alguma tolice - observou o homem da capa.

- Estou disposto a tudo para impedir a execução do pobre diabo, que está em apuros por me ter ajudado. Pela Madona, considerar-me-ia um cobarde se não fizesse qualquer coisa pelo pobre rapaz!

- Que tenciona fazer?

- Colocarei uns vinte homens à roda do cadafalso e quando o trouxerem, a um sinal que darei, atirar-nos-emos de punhal em punho à escolta e apoderar-nos-emos dele.

- Isso parece-me muito arriscado e creio decididamente que o meu plano é melhor do que o seu.

- Qual é o seu plano, Excelência?

- Darei dez mil piastras a determinada pessoa que conheço e que conseguirá que a execução de Peppino seja adiada para o próximo ano.





Os capítulos deste livro

Marselha - A Chegada 1 O pai e o filho 8 Os Catalães 14 A Conspiração 23 O banquete de noivado 28 O substituto do Procurador Régio 38 O interrogatório 47 O Castelo de If 57 A festa de noivado 66 Os Cem Dias 89 O número 34 e o número 27 106 Um sábio italiano 120 A cela do abade 128 O Tesouro 143 O terceiro ataque 153 O cemitério do Castelo de If 162 A Ilha de Tiboulen 167 Os contrabandistas 178 A ilha de Monte-Cristo 185 Deslumbramento 192 O desconhecido 200 A Estalagem da Ponte do Gard 206 O relato 217 Os registos das prisões 228 Acasa Morrel 233 O 5 de Stembro 244 Itália - Simbad, o marinheiro 257 Despertar 278 Bandidos Romanos 283 Aparição 309 A Mazzolata 327 O Carnaval de Roma 340 As Catacumbas de São Sebastião 356 O encontro 369 Os convivas 375 O almoço 392 A apresentação 403 O Sr. Bertuccio 415 A Casa de Auteuil 419 A vendetta 425 A chuva de sangue 444 O crédito ilimitado 454 A parelha pigarça 464 Ideologia 474 Haydée 484 A família Morrel 488 Píramo e Tisbe 496 Toxicologia 505 Roberto, o diabo 519 A alta e a baixa 531 O major Cavalcanti 540 Andrea Cavalcanti 548 O campo de Luzerna 557 O Sr. Noirtier de Villefort 566 O testamento 573 O telégrafo 580 Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588 Os fantasmas 596 O jantar 604 O mendigo 613 Cena conjugal 620 Projetos de casamento 629 No gabinete do Procurador Régio 637 Um baile de Verão 647 As informações 653 O baile 661 O pão e o sal 668 A Sra. de Saint-Méran 672 A promessa 682 O jazigo da família Villefort 705 A ata da sessão 713 Os progressos de Cavalcanti filho 723 Haydée 732 Escrevem-nos de Janina 748 A limonada 762 A acusação 771 O quarto do padeiro reformado 776 O assalto 790 A mão de Deus 801 Beauchamp 806 A viagem 812 O julgamento 822 A provocação 834 O insulto 840 A Noite 848 O duelo 855 A mãe e o filho 865 O suicídio 871 Valentine 879 A confissão 885 O pai e a filha 895 O contrato 903 A estrada da Bélgica 912 A estalagem do sino e da garrafa 917 A lei 928 A aparição 937 Locusta 943 Valentine 948 Maximilien 953 A assinatura de Danglars 961 O Cemitério do Père-lachaise 970 A partilha 981 O covil dos leões 994 O juiz 1001 No tribunal 1009 O libelo acusatório 1014 Expiação 1021 A partida 1028 O passado 1039 Peppino 1049 A ementa de Luigi Vampa 1058 O Perdão 1064 O 5 de Outubro 1069