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Capítulo 34: Aparição

Página 315

Adormeceu ao amanhecer, o que fez com que acordasse muito tarde. Albert, como verdadeiro parisiense que era, já tomara as suas precauções para a noite e começara por mandar comprar um camarote ao Teatro Argentina.

Franz tinha de escrever várias cartas para França e cedeu portanto para todo o dia a carruagem a Albert.

Albert regressou às cinco horas. Apresentara as suas cartas de recomendação, obtivera convites para todas as festas e visitara Roma. Um dia bastara a Albert para fazer tudo isso. E ainda tivera tempo de se informar da peça que se representava e dos actores que a desempenhariam. A peça tinha por título Parisina e os actores chamavam-se Coselli, Moriani e Spech.

Os nossos dois jovens não eram tão infelizes como julgavam: iam assistir à representação de uma das melhores óperas do autor de Lucia di Lammermoor, interpretada por três dos mais famosos artistas da Itália.

Albert nunca conseguira habituar-se aos teatros ultramontanos, cujos lugares de orquestra eram insuportáveis, e que não têm balcões nem frisas. Era duro para um homem que tinha a sua assinatura na ópera Cómica e o seu lugar no camarote infernal da ópera Dramática.

Mas isso não impedia Albert de se vestir a primor todas as vezes que ia à ópera com Franz. Primores desperdiçados, pois é triste reconhecer, para vergonha de um dos mais dignos representantes da nossa fashion, que desde que há quatro meses cruzava a Itália em todos os sentidos, Albert não tivera uma única aventura.

Às vezes, Albert procurava gracejar a tal respeito; mas no fundo estava singularmente mortificado por ele, Albert de Morcef, um dos jovens mais requestados, ainda não ter visto o seu esforço recompensado. O caso era tanto mais penoso quanto é certo que, segundo o hábito modesto dos nossos caros compatriotas, Albert partira de Paris com a convicção de ir obter em Itália os maiores êxitos e de no regresso fazer as delícias do Buievard de Gand com a história das suas aventuras.

Infelizmente, nada semelhante acontecera. As encantadoras condessas genovesas, florentinas e napolitanas estavam presas, não aos maridos, mas sim aos amantes, e Albert adquirira a cruel convicção de que as italianas tinham pelo menos sobre as francesas a vantagem de serem fiéis na sua infidelidade.

Não quero dizer que na Itália, como em toda a parte, não haja excepções. E contudo Albert era não só um cavalheiro perfeitamente elegante, mas também um homem de muito espírito. Além disso, era visconde. Visconde da nova nobreza, é certo. Mas hoje, que já não nos prendemos com essas ninharias, que importa que a nobreza remonte a 1399 ou a 1815?

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 315

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069