O Conde de Monte Cristo - Cap. 5: O banquete de noivado Pág. 32 / 1080

Quatro dias para ir, quatro dias para voltar, um dia para me desempenhar conscienciosamente da missão de que estou encarregado e em 1 de Março estarei de volta; em 2 de Março, portanto, o verdadeiro banquete de casamento.

A perspetiva de novo festim redobrou a hilaridade ao ponto de o Tio Dantès, que no início do banquete se queixava do silêncio reinante, fazer agora, no meio da conversação geral, vãos esforços para formular o seu voto de prosperidade a favor dos futuros esposos.

Dantès adivinhou o pensamento do pai e correspondeu-lhe com um sorriso cheio de amor. Mercédès começou a ver as horas no relógio de cuco da sala e fez um sinalzinho a Edmond.

Havia à roda da mesa a hilaridade ruidosa e a liberdade individual que acompanham, entre as pessoas de condição inferior, o fim dos repastos. Aqueles que não gostavam do seu lugar tinham-se levantado da mesa e procurado outros vizinhos. Toda a gente começava a falar ao mesmo tempo e ninguém se dava ao trabalho de responder ao que o seu interlocutor lhe dizia, mas apenas aos seus próprios pensamentos. A palidez de Fernand quase passara para as faces de Danglars.

Quanto ao próprio Fernand, já não vivia e parecia um condenado às penas eternas no meio de um mar de fogo. Fora um dos primeiros a levantar-se e passeava de um lado para o outro da sala procurando isolar o ouvido do barulho das canções e do choque dos copos.

Caderousse aproximou-se dele no momento em que Danglars, que parecia fugir, acabava de se lhe juntar a um canto da sala.

- Na verdade - disse Caderousse, a quem a modéstia de Dantès e sobretudo o bom vinho do Tio Pamphile tinham levado todos os restos de rancor que a felicidade inesperada de Dantès lhe fizera germinar na ama -, na verdade, Dantès é um excelente rapaz. E quando o vejo sentado ao pé da noiva digo para comigo que não estaria certo pregar-lhe a partida que vocês tramavam ontem.

- Por isso, bem viste que a coisa não teve seguimento – redarguiu Danglars. - O pobre Sr. Fernand estava tão transtornado que de princípio me fez pena; mas uma vez que tomou a sua decisão, a ponto de apadrinhar o seu rival, não tenho mais nada a dizer.

Caderousse olhou para Fernand, que estava lívido.

- O sacrifício é tanto maior - continuou Danglars – quanto mais bonita é, na realidade, a noiva. Apre, sempre me saiu um felizardo o espertalhão do meu futuro comandante! Gostaria de me chamar Dantès apenas durante doze horas.

- Vamos? - perguntou a voz meiga de Mercédès. - São duas horas e esperam-nos dentro de um quarto de hora.

- Sim, sim, vamos! - disse Dantès, levantando-se vivamente.

- Vamos! - repetiram em coro todos os convivas.





Os capítulos deste livro

Marselha - A Chegada 1 O pai e o filho 8 Os Catalães 14 A Conspiração 23 O banquete de noivado 28 O substituto do Procurador Régio 38 O interrogatório 47 O Castelo de If 57 A festa de noivado 66 Os Cem Dias 89 O número 34 e o número 27 106 Um sábio italiano 120 A cela do abade 128 O Tesouro 143 O terceiro ataque 153 O cemitério do Castelo de If 162 A Ilha de Tiboulen 167 Os contrabandistas 178 A ilha de Monte-Cristo 185 Deslumbramento 192 O desconhecido 200 A Estalagem da Ponte do Gard 206 O relato 217 Os registos das prisões 228 Acasa Morrel 233 O 5 de Stembro 244 Itália - Simbad, o marinheiro 257 Despertar 278 Bandidos Romanos 283 Aparição 309 A Mazzolata 327 O Carnaval de Roma 340 As Catacumbas de São Sebastião 356 O encontro 369 Os convivas 375 O almoço 392 A apresentação 403 O Sr. Bertuccio 415 A Casa de Auteuil 419 A vendetta 425 A chuva de sangue 444 O crédito ilimitado 454 A parelha pigarça 464 Ideologia 474 Haydée 484 A família Morrel 488 Píramo e Tisbe 496 Toxicologia 505 Roberto, o diabo 519 A alta e a baixa 531 O major Cavalcanti 540 Andrea Cavalcanti 548 O campo de Luzerna 557 O Sr. Noirtier de Villefort 566 O testamento 573 O telégrafo 580 Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588 Os fantasmas 596 O jantar 604 O mendigo 613 Cena conjugal 620 Projetos de casamento 629 No gabinete do Procurador Régio 637 Um baile de Verão 647 As informações 653 O baile 661 O pão e o sal 668 A Sra. de Saint-Méran 672 A promessa 682 O jazigo da família Villefort 705 A ata da sessão 713 Os progressos de Cavalcanti filho 723 Haydée 732 Escrevem-nos de Janina 748 A limonada 762 A acusação 771 O quarto do padeiro reformado 776 O assalto 790 A mão de Deus 801 Beauchamp 806 A viagem 812 O julgamento 822 A provocação 834 O insulto 840 A Noite 848 O duelo 855 A mãe e o filho 865 O suicídio 871 Valentine 879 A confissão 885 O pai e a filha 895 O contrato 903 A estrada da Bélgica 912 A estalagem do sino e da garrafa 917 A lei 928 A aparição 937 Locusta 943 Valentine 948 Maximilien 953 A assinatura de Danglars 961 O Cemitério do Père-lachaise 970 A partilha 981 O covil dos leões 994 O juiz 1001 No tribunal 1009 O libelo acusatório 1014 Expiação 1021 A partida 1028 O passado 1039 Peppino 1049 A ementa de Luigi Vampa 1058 O Perdão 1064 O 5 de Outubro 1069