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Capítulo 36: O Carnaval de Roma

Página 355

Não se pode fazer ideia do aspecto de conjunto; só visto.

Suponha o leitor que todas as estrelas se desprendiam do céu e se juntavam na Terra numa dança insensata, tudo acompanhado de gritos como nunca ouvido humano escutou no resto da superfície do Globo.

É sobretudo nesse momento que desaparecem as diferenças sociais. O facchino mistura-se com o príncipe, o príncipe com o trastevere e o trastevere com o burguês, todos soprando, apagando e reacendendo. Se o velho Éolo aparecesse em semelhante altura, seria proclamado rei dos moccolli, e Aquilão, herdeiro presuntivo da coroa.

Esta corrida louca e resplandecente durou aproximadamente duas horas. A rua do Corso estava iluminada como em pleno dia.

Distinguiam-se as feições dos espectadores até ao terceiro e quarto andares. Albert puxava do relógio de cinco em cinco minutos. Por fim, os ponteiros marcaram as sete horas. Os dois amigos encontravam-se precisamente nas imediações da Via dei Pontefich, Albert saltou da caleça com o seu moccoletto na mão. Dois ou três mascarados quiseram aproximar-se dele para lho apagarem ou tirarem; mas como hábil pugilista que era, Albert fê-los rolar um após outro a dez passos de distância e continuou o seu caminho para a Igreja de San-giacomo

Os degraus estavam cheios de curiosos e de máscaras que lutavam para ver quem arrancaria as velas das mãos uns dos outros. Franz seguia Albert com a vista e viu-o pôr o pé no primeiro degrau. Depois, quase imediatamente, uma máscara com o traje bem conhecido da camponesa do ramo estendeu o braço e, sem que desta vez ele oferecesse qualquer resistência, tirou-lhe o moccoletto.

Franz estava demasiado longe para ouvir as palavras que trocaram; mas sem dúvida não tiveram nada de hostil, pois viu afastar-se Albert e a camponesa de braço dado. Durante algum tempo seguiu-os no meio da multidão, mas na Via Macello perdeu-os de vista.

De súbito, soou o toque do sino que dá o sinal do encerramento do Carnaval. No mesmo instante, todos os moccoli se apagaram como que por encanto. Dir-se-ia que uma única e imensa lufada de vento aniquilara tudo.

Franz encontrou-se no meio da escuridão mais profunda. Ao mesmo tempo, todos os gritos cessaram, como se o sopro poderoso que extinguira as luzes tivesse extinguido ao mesmo tempo os ruídos.

Ouviu-se apenas o rodar das carruagens que reconduziam as máscaras a suas casas e viram-se unicamente as raras luzes que brilhavam atrás das janelas.

O Carnaval terminara.

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 355

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069