O Conde de Monte Cristo - Cap. 37: As Catacumbas de São Sebastião Pág. 366 / 1080

- Vê? - disse o conde virando-se para Franz. - Bem lhe disse que havia qualquer equívoco nisto.

- Não está sozinho? - perguntou Vampa, com inquietação.

- Estou com a pessoa a quem esta carta foi dirigida e a quem quis provar que Luigi Vampa é homem de palavra. Aproxime-se, Excelência - disse a Franz -, aqui está Luigi Vampa que lhe vai dizer pessoalmente que está arrependido do erro que acaba de cometer.

Franz aproximou-se. O chefe deu alguns passos ao seu encontro.

- Seja bem-vindo entre nós, Excelência - cumprimentou. - Ouviu o que acaba de dizer o conde e o que lhe respondi. Acrescentarei que não desejaria, pelas quatro mil piastras em que fixei o resgate do seu amigo, que semelhante coisa tivesse acontecido.

- Mas onde está o prisioneiro? - perguntou Franz, olhando à sua volta com inquietação. - Não o vejo...

- Espero que não lhe tenha acontecido nada - disse o conde, franzindo o sobrolho.

- O prisioneiro está ali - informou Vampa, indicando com a mão o recanto diante do qual passeava o bandido que se encontrava de sentinela - e eu próprio lhe vou anunciar que está livre.

O chefe dirigiu-se para o local designado por si como sendo o que servia de prisão a Albert e Franz e o conde seguiram-no.

- Que faz o prisioneiro? - perguntou Vampa à sentinela.

- Garanto ao meu capitão que não sei - respondeu o interpelado: - Há uma hora que não o ouço mexer-se.

- Venha, Excelência! - disse Vampa.

O conde e Franz subiram sete ou oito degraus, sempre precedidos pelo chefe, que correu um ferrolho e empurrou uma porta.

Então, à luz de uma lanterna idêntica à que iluminava o columbário, viram Albert, envolto numa capa que lhe emprestaraum dos bandidos, deitado a um canto e a dormir profundamente.

- Sim, senhor! - exclamou o conde sorrindo com o sorriso que lhe era peculiar. - Nada mal para um homem que devia ser fuzilado às sete horas da manhã

Vampa olhava Albert adormecido, com certa admiração. Via-se que não era insensível àquela prova de coragem.

- Tem razão, Sr Conde - declarou -, este homem deve ser seu amigo.

Depois, aproximou-se de Albert e tocou-lhe no ombro

- Excelência! - chamou. - Quer fazer o favor de acordar? Albert estendeu os braços, esfregou os olhos e abriu-os.

- Ah, ah! - bocejou. - É você, capitão? Demónio, não lhe custava nada deixar-me dormir. Estava a viver um sonho encantador: sonhava que dançava o galope em casa de Torlonia com a condessa G...! Puxou do relógio, que conservara, para saber as horas.

- Uma e meia da madrugada! - exclamou. - Mas por que diabo me acordara a esta hora?

- Para lhe dizer que está livre, Excelência.





Os capítulos deste livro

Marselha - A Chegada 1 O pai e o filho 8 Os Catalães 14 A Conspiração 23 O banquete de noivado 28 O substituto do Procurador Régio 38 O interrogatório 47 O Castelo de If 57 A festa de noivado 66 Os Cem Dias 89 O número 34 e o número 27 106 Um sábio italiano 120 A cela do abade 128 O Tesouro 143 O terceiro ataque 153 O cemitério do Castelo de If 162 A Ilha de Tiboulen 167 Os contrabandistas 178 A ilha de Monte-Cristo 185 Deslumbramento 192 O desconhecido 200 A Estalagem da Ponte do Gard 206 O relato 217 Os registos das prisões 228 Acasa Morrel 233 O 5 de Stembro 244 Itália - Simbad, o marinheiro 257 Despertar 278 Bandidos Romanos 283 Aparição 309 A Mazzolata 327 O Carnaval de Roma 340 As Catacumbas de São Sebastião 356 O encontro 369 Os convivas 375 O almoço 392 A apresentação 403 O Sr. Bertuccio 415 A Casa de Auteuil 419 A vendetta 425 A chuva de sangue 444 O crédito ilimitado 454 A parelha pigarça 464 Ideologia 474 Haydée 484 A família Morrel 488 Píramo e Tisbe 496 Toxicologia 505 Roberto, o diabo 519 A alta e a baixa 531 O major Cavalcanti 540 Andrea Cavalcanti 548 O campo de Luzerna 557 O Sr. Noirtier de Villefort 566 O testamento 573 O telégrafo 580 Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588 Os fantasmas 596 O jantar 604 O mendigo 613 Cena conjugal 620 Projetos de casamento 629 No gabinete do Procurador Régio 637 Um baile de Verão 647 As informações 653 O baile 661 O pão e o sal 668 A Sra. de Saint-Méran 672 A promessa 682 O jazigo da família Villefort 705 A ata da sessão 713 Os progressos de Cavalcanti filho 723 Haydée 732 Escrevem-nos de Janina 748 A limonada 762 A acusação 771 O quarto do padeiro reformado 776 O assalto 790 A mão de Deus 801 Beauchamp 806 A viagem 812 O julgamento 822 A provocação 834 O insulto 840 A Noite 848 O duelo 855 A mãe e o filho 865 O suicídio 871 Valentine 879 A confissão 885 O pai e a filha 895 O contrato 903 A estrada da Bélgica 912 A estalagem do sino e da garrafa 917 A lei 928 A aparição 937 Locusta 943 Valentine 948 Maximilien 953 A assinatura de Danglars 961 O Cemitério do Père-lachaise 970 A partilha 981 O covil dos leões 994 O juiz 1001 No tribunal 1009 O libelo acusatório 1014 Expiação 1021 A partida 1028 O passado 1039 Peppino 1049 A ementa de Luigi Vampa 1058 O Perdão 1064 O 5 de Outubro 1069