- Que efetivamente julgava ter tido, numa circunstância que me não revelou, algumas razões de queixa a seu respeito, mas que qualquer pessoa que tivesse a confiança do armador teria a dele.
- Hipócrita! - murmurou Danglars.
- Pobre Dantès! - suspirou Caderousse. - Não há dúvida que era um excelente rapaz.
- Pois sim, mas entretanto o Pharaon está sem comandante observou o Sr. Morrel.
- Oh - disse Danglars -, é preciso esperar, pois só podemos partir daqui a três mês e entretanto Dantès será posto em liberdade!
- Decerto. Mas até lá? - Bom, até lá estou às suas ordens, Sr. Morrel – respondeu Danglars. - Sabe perfeitamente que sou capaz de dirigir um navio tão bem como qualquer comandante de longo curso de fresca data. Além disso, utilizando os meus préstimos terá a vantagem de não estar em favor com ninguém quando Edmond sair da prisão: ele ocupará o seu lugar e eu o meu e pronto.
- Obrigado, Danglars - disse o armador. - De facto, isso concilia tudo. Tome, pois, o comando com minha autorização e vigie o desembarque. Não é forçoso que sempre que acontece alguma catástrofe aos indivíduos os negócios sofram.
- Esteja descansado, senhor. Mas poderemos ao menos ver o pobre Edmond?
- Responder-lhe-ei daqui a pouco, Danglars. Vou procurar falar com o Sr. de Villefort e interceder junto dele a favor do prisioneiro. Bem sei que é um monárquico arrebatado, mas que diabo, por mais monárquico e procurador régio que seja também é um homem e não o creio mau.
- Pois não - admitiu Danglars -, mas ouvi dizer que era ambicioso e isso assemelha-se muito.
- Enfim, veremos - disse o Sr. Morrel, suspirando. - Vá para bordo que Já lá vou ter.
E deixemos os dois amigos para tomar o caminho do Palácio da Justiça.
- Estás a ver o aspeto que o caso adquiriu? - disse Danglars a Caderousse.
- Ainda queres agora defender Dantès?