O Conde de Monte Cristo - Cap. 1: Marselha - A Chegada Pág. 4 / 1080

- Como vê - disse Danglars -, já se julga comandante, como acabo de lhe dizer.

- E é-o de facto - redarguiu o armador.

- Sim, caso tenha o seu acordo e o do seu sócio, Sr. Morrel.

- E porque lhe não daríamos o lugar? - replicou o armador. - É novo, bem sei, mas parece-me capaz de desempenhar perfeitamente o cargo.

Passou uma nuvem pela testa de Danglars.

- Perdão, Sr. Morrel - disse Dantès, aproximando-se. - Agora que o navio já está ancorado, estou às suas ordens. Chamou-me, não é verdade? Danglars deu um passo atrás.

- Queria perguntar-lhe por que motivo se detiveram na ilha de Elba - respondeu Morrel.

- Ignoro-o, senhor. Cumpri apenas a última ordem do comandante Leclère, que ao morrer me entregou um pacote para o grande marechal Bertrand.

- Viu-o, portanto, Edmond?

- Quem?

- O grande marechal.

- Vi.

Morrel olhou à sua volta e puxou Dantès à parte.

- E como está o imperador? - perguntou vivamente.

- Bem, tanto quanto me foi dado julgar pelos meus olhos.

- Quer dizer que também viu o imperador?

- Entrou em casa do marechal quando lá me encontrava.

- E você falou-lhe?

- Bom, quem me falou foi ele, senhor - respondeu Dantès, sorrindo.

- E que lhe disse?

- Interrogou-me acerca do navio, de quando partia para Marselha, da rota seguida e da carga que transportava. Creio que se estivesse vazio e fosse meu a sua intenção seria comprá-lo.

Mas disse-lhe que não passava de um simples imediato e que o navio pertencia à casa Morrel & Filhos. «Ah! Ah!, conheço-a!, exclamou. «Os Morrels são armadores de pais para filhos e houve um Morrel que serviu no mesmo regimento que eu quando estive de guarnição em Valence.»

- Por Deus, é verdade! - exclamou o armador, contentíssimo. - Era Policar Morrel, meu tio, que foi capitão. Dantès, se disser ao meu tio que o imperador se lembrou dele, verá como o velho resmungão desata a chorar. Pronto, pronto - prosseguiu o armador, batendo amistosamente no ombro do rapaz -, fez bem, Dantès, em seguir as instruções do comandante Leclère e escalar a ilha de Elba, embora se se soubesse que entregou um pacote, ao marechal e conversou com o imperador, isso o pudesse comprometer.

- Em que quer o senhor que isso me comprometa - redarguiu Dantès -se nem sequer sei o que continha o pacote e o imperador só me interrogou acerca de coisas que perguntaria ao primeiro que lhe aparecesse? Mas, perdão - prosseguiu Dantès -, aí estão a sanidade e a alfândega. Dá-me licença, não é verdade?

- Claro, claro, meu caro Dantès.

O jovem afastou-se e, como ele se afastasse, Danglars tornou a aproximar-se.





Os capítulos deste livro

Marselha - A Chegada 1 O pai e o filho 8 Os Catalães 14 A Conspiração 23 O banquete de noivado 28 O substituto do Procurador Régio 38 O interrogatório 47 O Castelo de If 57 A festa de noivado 66 Os Cem Dias 89 O número 34 e o número 27 106 Um sábio italiano 120 A cela do abade 128 O Tesouro 143 O terceiro ataque 153 O cemitério do Castelo de If 162 A Ilha de Tiboulen 167 Os contrabandistas 178 A ilha de Monte-Cristo 185 Deslumbramento 192 O desconhecido 200 A Estalagem da Ponte do Gard 206 O relato 217 Os registos das prisões 228 Acasa Morrel 233 O 5 de Stembro 244 Itália - Simbad, o marinheiro 257 Despertar 278 Bandidos Romanos 283 Aparição 309 A Mazzolata 327 O Carnaval de Roma 340 As Catacumbas de São Sebastião 356 O encontro 369 Os convivas 375 O almoço 392 A apresentação 403 O Sr. Bertuccio 415 A Casa de Auteuil 419 A vendetta 425 A chuva de sangue 444 O crédito ilimitado 454 A parelha pigarça 464 Ideologia 474 Haydée 484 A família Morrel 488 Píramo e Tisbe 496 Toxicologia 505 Roberto, o diabo 519 A alta e a baixa 531 O major Cavalcanti 540 Andrea Cavalcanti 548 O campo de Luzerna 557 O Sr. Noirtier de Villefort 566 O testamento 573 O telégrafo 580 Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588 Os fantasmas 596 O jantar 604 O mendigo 613 Cena conjugal 620 Projetos de casamento 629 No gabinete do Procurador Régio 637 Um baile de Verão 647 As informações 653 O baile 661 O pão e o sal 668 A Sra. de Saint-Méran 672 A promessa 682 O jazigo da família Villefort 705 A ata da sessão 713 Os progressos de Cavalcanti filho 723 Haydée 732 Escrevem-nos de Janina 748 A limonada 762 A acusação 771 O quarto do padeiro reformado 776 O assalto 790 A mão de Deus 801 Beauchamp 806 A viagem 812 O julgamento 822 A provocação 834 O insulto 840 A Noite 848 O duelo 855 A mãe e o filho 865 O suicídio 871 Valentine 879 A confissão 885 O pai e a filha 895 O contrato 903 A estrada da Bélgica 912 A estalagem do sino e da garrafa 917 A lei 928 A aparição 937 Locusta 943 Valentine 948 Maximilien 953 A assinatura de Danglars 961 O Cemitério do Père-lachaise 970 A partilha 981 O covil dos leões 994 O juiz 1001 No tribunal 1009 O libelo acusatório 1014 Expiação 1021 A partida 1028 O passado 1039 Peppino 1049 A ementa de Luigi Vampa 1058 O Perdão 1064 O 5 de Outubro 1069