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Capítulo 41: A apresentação

Página 413

- Mas é verdade. Disse-me três ou quatro vezes, e decerto sem premeditação, que em tal época tinha cinco anos, noutra dez e noutra doze. E eu, a quem a curiosidade mantinha atento a tais pormenores, comparei as datas e nunca o apanhei em falta. A idade daquele homem singular, que não tem idade, é pois, estou certo, de trinta e cinco anos. De resto, lembre-se, minha mãe, como o seu olhar é vivo, como os seus cabelos são pretos e como a sua testa, apesar de pálida, não tem rugas. Trata-se de uma natureza não só vigorosa, mas também jovem.

A condessa baixou a cabeça como que sob uma vaga demasiado pesada de pensamentos amargos.

- E esse homem concedeu-te a sua amizade, Albert? - perguntou, com um arrepio nervoso.

- Creio que sim, senhora.

- E tu... também gostas dele?

- Inspira-me simpatia, senhora, apesar de Franz de Epinay o querer fazer passar a meus olhos por um homem vindo do outro mundo.

A condessa esboçou um gesto de terror.

- Albert - disse com voz alterada -, sempre te recomendei que tivesses cuidado com os novos conhecimentos. Agora és um homem e poderias dar-me conselhos a mim própria; no entanto, repito-te: sê prudente, Albert.

- Para que o conselho me fosse útil seria necessário, querida mãe, que soubesse antecipadamente de que me devo acautelar. O conde nunca joga, o conde só bebe água dourada por uma gota de vinho espanhol, o conde declarou-se tão rico que me não poderia pedir dinheiro emprestado sem cair no ridículo. Que quer que tema da parte do conde?

- Tens razão - reconheceu a condessa - e os meus terrores são loucos em tomarem por alvo um homem que ainda por cima te salvou a vida. A propósito, o teu pai recebeu-o bem, Albert? É importante que sejamos mais do que delicados com o conde. Ora, o Sr. de Morcerf anda às vezes preocupado, os seus negócios absorvem-no, e poderia sem querer...

- O meu pai foi perfeito, senhora - interrompeu-a Albert. - Direi mais: pareceu ficar infinitamente lisonjeado com dois ou três cumprimentos deveras hábeis que o conde insinuou com tanta felicidade como a propósito, como se o conhecesse há trinta anos. Cada uma daquelas flechazinhas elogiosas deve ter deleitado o meu pai - acrescentou Albert, rindo -, de modo que se separaram os melhores amigos do mundo, a ponto de o Sr. de Morcerf até o querer levar à Câmara para que o ouvisse discursar.

A condessa não respondeu; estava absorta numa meditação tão profunda que fechara mesmo os olhos pouco a pouco. De pé, diante dela, o jovem olhava-a com esse amor filial mais terno e afectuoso nos filhos cujas mães ainda são novas e belas. Depois de a ver fechar os olhos, ouviu-a respirar um instante na sua suave imobilidade, até que, julgando-a a dormitar, se afastou em bicos de pés e fechou cautelosamente a porta da divisão onde deixava a mãe.

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 413

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069