Então, o medo apoderou-se dele e receou ficar mais tempo em Nímes. Solicitou a transferência e, como era de facto um homem influente, nomearam-no para Versalhes. Mas, como o senhor sabe, não há distâncias para um corso que jurou vingar-se do seu inimigo, e a sua carruagem, por melhor conduzida que fosse, nunca teve mais do que meio dia de avanço sobre mim, que no entanto a seguia a pé.
«O importante não era matá-lo; tive cem vezes oportunidade para isso. Mas era preciso matá-lo sem ser descoberto e sobretudo sem ser preso. Desde então já me não pertencia: tinha de proteger e sustentar a minha cunhada. Durante três meses vigiei o Sr. de Villefort; durante três meses não deu um passo, um passeio, sem que o meu olhar o não seguisse. Por fim, descobri que vinha misteriosamente a Auteuil. Voltei a segui-lo e vi-o entrar nesta casa onde estamos. Simplesmente, em vez de entrar como entraria qualquer pessoa, pela portaprincipal, vinha a cavalo ou de carruagem, deixava a carruagem ou o cavalo na estalagem e entrava por aquela portinha que vê ali.
Monte-Cristo acenou com a cabeça a confirmar que no meio da escuridão distinguia efectivamente a entrada indicada por Bertuccio.
- Como já não necessitava de permanecer em Versalhes, instalei-me em Auteuil e informei-me. Se o queria apanhar, era evidentemente aqui que devia armar a minha cilada.
«- A casa pertencia, como o porteiro disse a V. Ex.a, ao Sr. de Saint-Méran, sogro de Villefort. O Sr. de Saint-Méran residia em Marselha, por consequência, esta casa de campo era-lhe inútil. Dizia-se por isso que a alugara a uma jovem viúva que toda a gente conhecia apenas por "a baronesa"
«De facto, uma noite, espreitando por cima do muro, vi uma mulher nova e bonita passear sozinha neste jardim, que nenhuma janela estranha dominava. Olhava com frequência para o lado da portinha e compreendi que naquela noite esperava o Sr. de Villefort. Quando chegou suficientemente perto de para, apesar do escuro, lhe poder distinguir as feições, vi uma mulher nova e bonita, de dezoito ou dezanove anos, alta e loura. Como trazia um simples penteador e nada lhe comprimia a cintura, pude notar que estava grávida e que a gravidez parecia até bastante adiantada.
«Pouco depois abriu-se a portinha. Entrou um homem. A jovem correu o mais depressa que pôde ao seu encontro.
Lançaram-se nos braços um do outro, beijaram-se ternamente e dirigiram-se juntos para a casa.
«Aquele homem era o Sr. de Villefort. Calculei que quando saísse, sobretudo se saísse alta noite, deveria atravessar sozinho o jardim em todo o seu comprimento.
- E soube depois o nome da mulher? - perguntou o conde.