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Capítulo 45: A chuva de sangue

Página 449
O que fizera por impulso obteve o mesmo resultado que obteria se o fizesse por cálculo. A confissão do primeiro assassínio, que nada me obrigava a revelar-lhe, provou-lhe que não cometera o segundo, e quando me deixou, ordenou-me que esperasse e prometeu-me fazer tudo o que estivesse ao seu alcance para convencer os juízes da minha inocência.

«Tive a prova de que efectivamente se ocupara de mim quando vi a minha prisão suavizar-se gradualmente e soube que seria julgado a seguir às audiências já marcadas.

«Entretanto, a Providência permitiu que Caderousse fosse preso no estrangeiro e extraditado para França. Confessou tudo, mas lançou a premeditação e sobretudo a instigação para cima da mulher. Condenaram-no a prisão perpétua nas galés e a mim puseram-me em liberdade.

- E foi então - disse Monte-Cristo - que me procurou, munido de uma carta do abade Busoni?

- Foi, Excelência. Ele tomara por mim um interesse visível.

«- A sua condição de contrabandista perdê-lo-à - disse-me. - Se conseguir sair daqui, deixe-a.

«- Mas, Sr. Abade, como quer que viva e sustente a minha pobre cunhada?

«- Um dos meus penitentes - respondeu-me - tem uma grande estima por mim e encarregou-me de lhe arranjar um homem de confiança. Quer ser esse homem? Recomendá-lo-ei

«- Oh, Sr. Abade, que bondade a sua! – exclamei.

«- Mas jura-me que nunca terei de me arrepender?

«Estendi a mão para jurar.

«- É inútil - disse ele. - Conheço e gosto dos Corsos. Aqui está a minha recomendação.

«E escreveu aquelas linhas que entreguei ao Sr. Conde e mediante as quais V. Ex.a teve a bondade de me tomar ao seu serviço. Agora, pergunto com orgulho a V. Ex.a: alguma vez teve razão de queixa de mim?

- Não - respondeu o conde. - E, confesso-o com prazer, tem sido um bom servidor, Bertuccio, embora pouco confiado.

- Eu, Sr. Conde?!

- Você, sim. Como é possível que tenha uma cunhada e um filho adoptivo e nunca me tenha falado de uma nem de outro?

- Porque, infelizmente, Excelência, ainda lhe não contei a parte mais triste da minha vida. Parti para a Córsega. Tinha pressa, como deve compreender, de tornar a ver e confortar a minha pobre cunhada. Mas quando cheguei a Rogliano encontrei a casa de luto. Houvera uma cena terrível, de que os vizinhos ainda hoje se recordam! A minha pobre cunhada, seguindo os meus conselhos; resistia às exigências de Benedetto, que a cada instante queria que ela lhe desse todo o dinheiro que houvesse em casa. Uma manhã, ameaçou-a e desapareceu durante todo o dia. Ela chorou, porque a querida Assunta tinha para o miserável um coração de mãe.

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pág. 449 (Capítulo 45)

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 449

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069