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Capítulo 46: O crédito ilimitado

Página 457

Esta alocução feita diante de Ali, que permanecia impassível atendendo a que não percebia uma palavra de francês, produziu no Sr. Baptistin um efeito que compreenderão todos aqueles que estudaram a psicologia do criado francês.

- Procurarei conformar-me em todos os pontos com os desejos de V. Ex.a - disse. - Aliás, guiar-me-ei pelo Sr. Ali

- Oh, de modo nenhum! - redarguiu o conde, com uma frieza de mármore. - Ali tem muitos defeitos de mistura com as suas qualidades. Não siga portanto o seu exemplo, porque Ali é uma excepção. Não tem salário, não é um criado, é o meu escravo, o meu cão. Se faltasse ao seu dever, não o despediria, matava-o.

Baptistin arregalou os olhos.

- Duvida? - perguntou Monte-Cristo.

E repetiu a Ali as mesmas palavras que acabava de dizer em francês a Baptistin. Ali ouviu, sorriu, aproximou-se do amo, pôs um joelho no chão e beijou-lhe respeitosamente a mão. Este corolariozinho da lição levou ao cúmulo a estupefacção do Sr. Baptistin. O conde fez sinal a Baptistin para sair e a Ali para o seguir. Ambos passaram ao gabinete do conde, onde conversaram demoradamente.

Às cinco horas o conde tocou três vezes a campainha. Um toque chamava Ali, dois toques, Baptistin, e três toques, Bertuccio.

O intendente entrou.

- Os meus cavalos? - perguntou Monte-Cristo.

- Estão atrelados à carruagem, Excelência - respondeu Bertuccio. - Devo acompanhar o Sr. Conde?

- Não, apenas o cocheiro, Baptistin e Ali.

O conde desceu e encontrou atrelados à carruagem os cavalos que admirara de manhã na carruagem de Danglars.

Ao passar por eles deitou-lhe uma olhadela.

- São lindos, de facto - declarou -, e fez bem em comprá-los. Só é pena que tenha sido um bocadinho tarde...

- Excelência - atalhou Bertuccio -, tive muita dificuldade em os conseguir e ficaram muito caros.

- São por isso menos belos? - perguntou o conde, encolhendo os ombros.

- Se V. Ex.a está satisfeito é quanto basta - disse Bertuccio. - Aonde vai, Excelência?

- À Rua da Chaussée-d'Antin, a casa do Sr. Barão Danglars.

Esta conversa passava-se ao cimo da escadaria. Bertuccio deu um passo para descer o primeiro degrau.

- Espere, senhor - disse Monte-Cristo, detendo-o. - Preciso de um terreno à beira-mar, na Normandia, por exemplo, entre o Havre e Bolonha. Dou-lhe espaço, como vê, conviria que o terreno tivesse um portinho, uma enseadazinha, uma baiazinha, onde pudesse entrar e ficar com a minha corveta, que não precisa de mais de quinze pés de água. O navio estará sempre pronto a fazer-se ao mar, a qualquer hora do dia ou da noite que lhe dê ordem para isso. Informe-se junto de todos os notários de uma propriedade nas condições que lhe disse.

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pág. 457 (Capítulo 46)

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 457

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069