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Capítulo 46: O crédito ilimitado

Página 459

Ao ouvir o ruído que Danglars fez ao entrar o conde virou-se. Danglars cumprimentou com uma leve inclinação de cabeça e fez sinal ao conde para se sentar numa cadeira de braços forrada de cetim branco e guarnecida de pregaria dourada.

O conde sentou-se.

- É ao Sr. de Monte-Cristo que tenho a honra de falar?

- E eu - respondeu o conde - ao Sr. Barão Danglars, cavaleiro da Legião de Honra e membro da Câmara dos Deputados? Monte-Cristo repetia todos os títulos que encontrara no cartão do barão.

Danglars acusou o toque e mordeu os lábios.

- Desculpe-me, senhor, não o ter tratado logo pelo título por que me foi anunciado, mas como vivemos sob um governo popular e sou um representante dos interesses do povo...

- Embora conservando o hábito de se fazer tratar por barão, perdeu o de tratar os outros por conde - concluiu Monte-Cristo.

- Oh, não é por mim, senhor! - respondeu negligentemente Danglars. - Nomearam-me barão e fizeram-me cavaleiro da Legião de Honra por alguns serviços prestados, mas...

- Mas abdicou dos seus títulos, como fizeram outrora os Srs. de Montmorency e de Lafayette? Era um belo exemplo a seguir.

- Que no entanto não segui inteiramente - admitiu Danglars, embaraçado. - Mas compreende, os criados...

- Sim, para os seus criados deve ser monsenhor, para os jornalistas, senhor, e para os seus representados, cidadão. São cambiantes muito aplicáveis ao governo constitucional. Compreendo perfeitamente.

Danglars beliscou os lábios. Viu que naquele terreno não era da força de Monte-Cristo e tentou portanto regressar a outro que lhe fosse mais familiar.

- Sr. Conde - disse, inclinando-se - recebi uma carta da Casa Thomson & French...

- Ainda bem, Sr. Barão. Permita-me que o trate como o tratam os seus criados. É um mau hábito adquirido em países onde ainda existem barões precisamente porque já se não fazem. Ainda bem, dizia, porque assim não terei necessidade de me apresentar pessoalmente, o que é sempre embaraçoso. Recebeu portanto, dizia, uma carta?

- Sim - respondeu Danglars. - Mas confesso-lhe que lhe não compreendi perfeitamente o sentido.

- Essa é boa!

- E tive até a honra de passar por sua casa para lhe pedir algumas explicações.

- Pois aqui me tem, senhor, - pronto a ouvi-lo.

- Tenho essa carta comigo, creio - disse Danglars, procurando-a na algibeira.

- Sim, cá está... Esta carta abre ao Sr. Conde de Monte-Cristo um crédito ilimitado na minha casa.

- E que vê o Sr. Barão de obscuro aí?

- Nada, senhor. Apenas a palavra ilimitado...

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pág. 459 (Capítulo 46)

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 459

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069