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Capítulo 52: Toxicologia

Página 512
Entre nós, um idiota possesso do demónio do ódio ou da cupidez, que tem um inimigo a destruir ou um avô a aniquilar, dirige-se a um droguista, dá-lhe um nome falso que o denuncia muito melhor do que o seu nome verdadeiro, e compra, a pretexto de que os ratos o impedem de dormir, cinco a seis gramas de arsénico. Se é muito espertinho, vai a cinco ou seis droguistas e é apenas cinco ou seis vezes melhor reconhecido. Depois, de posse do seu específico, administra ao seu inimigo, ao seu avô, uma dose de arsénico que faria rebentar um mamute ou um mastodonte e que inesperadamente fazem a vítima soltar berros que põem todo o bairro em alvoroço. Surge então um enxame de agentes da polícia e de gendarmes, manda-se chamar um médico, que abre o morto e lhe recolhe no estômago e nas entranhas o arsénico, àscolheres e no dia seguinte cem jornais relatam o acontecimentocom o nome da vítima e do assassino. Nessa mesma tarde, o droguista ou os droguistas vem ou vêm dizer. «Fui eu que vendi o arsénico a esse senhor.» E mesmo que não se lembrem da cara do comprador, reconhecê-lo-ão vinte vezes. Então, o criminoso idiota é preso, interrogado, acareado, confundido, condenado e guilhotinado. Ou, se é uma mulher de algum valor, condenam-na a prisão perpétua. Aqui tem como os seus Setentrionais entendem a química, minha senhora. No entanto, devo confessar que Destrues era mais esperto.

- Que quer, senhor, faz-se o que se pode! - disse, rindo, a jovem senhora. - Nem toda a gente está no segredo dos Médicis ou dos Bórgias.

- Agora, quer que lhe diga a causa de todas essas inépcias? - perguntou o conde, encolhendo os ombros. - É que nos vossos teatros, pelo menos pelo que tenho podido julgar lendo as peças que se representam, vê-se sempre personagens engolir o conteúdo de um frasco ou morder o engaste de um anel e caírem redondamente mortas. Cinco minutos mais tarde o pano desce e os espectadores dispersam-se. Ignoram-se as consequências do crime; nunca se vê o comissário da polícia com a sua faixa, nem o cabo com os seus quatro homens, e isso autoriza muitos pobres cérebros a pensar que as coisas se passam assim. Mas saia um bocadinho de França, vá, quer a Alepo, quer ao Cairo, quer apenas a Nápoles e a Roma, e verá passar nas ruas pessoas direitas, frescas e rosadas, acerca das quais o Diabo coxo, se a aflorasse com a sua capa, lhe poderia dizer: «Aquele cavalheiro está envenenado há três semanas e morrerá irremediavelmente dentro de um mês.»

- Mas então terão reencontrado o segredo da famosa água-tofana, que me diziam ter-se perdido em Perúsia? - perguntou a Sr.ª de Villefort.

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 512

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069