Desta vez, um sinal da Sr.ª Danglars indicou claramente a Albert que a baronesa desejava ter a sua visita no intervalo seguinte. E Morcerf era demasiado delicado para se fazer esperar quando lhe indicavam claramente que o esperavam. Terminado o acto, apressou-se portanto a subir ao camarote de boca.
Cumprimentou as duas senhoras e estendeu a mão a Debray. A baronesa acolheu-o com um sorriso encantador e Eugénie com a sua frieza habitual.
- Meu caro - disse Debray -, dou-lhe a minha palavra de que está perante um homem exausto e que o chama em seu auxílio para o substituir. Esta senhora esmaga-me com perguntas sobre o conde e quer que eu saiba de onde é, donde vem e para onde vai. Ora eu confesso que não sou Cagliostro, e para me tirar de apuros disse: «Pergunte tudo isso a Morcerf, que conhece o seu Monte-Cristo como as suas mãos.» Foi então que ela lhe fez sinal.
- Não é incrível que um homem que tem meio milhão de fundos secretos à sua disposição não esteja melhor informado? - perguntou a baronesa.
- Minha senhora - respondeu Lucien -, peço-lhe que acredite que se tivesse meio milhão ao meu dispor o empregaria em tudo menos em tirar informações do Sr. de Monte-Cristo, que a meus olhos só tem o mérito de ser duas vezes rico como um nababo. Mas passei a palavra ao meu amigo Morcerf. Entenda-se com ele, que isso já me não diz respeito.
- De facto, só um nababo me mandaria uma parelha de cavalos de trinta mil francos e com quatro diamantes nas orelhas de cinco mil francos cada um.
- Oh, os diamantes! - exclamou, rindo, Morcerf. - São a sua mania. Creio que, como Potemkin, os traz sempre nas algibeira se que os semeia no seu caminho como o Polegarzinho fazia com os seus seixos.
- Talvez tenha descoberto alguma mina - sugeriu a Sr.ª Danglars. - Sabem que ele tem um crédito ilimitado sobre a casa do barão?
- Não, não sabia - respondeu Albert -, mas assim deve ser.
- E que anunciou ao Sr. Danglars que contava ficar um ano em Paris e gastar seis milhões?
- É o xá da Pérsia que viaja incógnito.
- E aquela mulher, Sr. Lucien, já reparou como é bonita? inquiriu Eugénie.
- Na verdade, menina, não conheço ninguém tão pronto como a minha amiga a fazer justiça às pessoas do seu sexo.
Lucien aproximou o monóculo do olho.
- Encantadora - disse.
- E aquela mulher, Sr. de Morcerf, sabe quem é?
- Menina - disse Albert, respondendo a esta interpelação quase directa - sei mais ou menos, como tudo o que diz respeito à personagem misteriosa de que nos ocupamos. Aquela mulher é uma grega.