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Capítulo 7: O interrogatório

Página 53

- Era tempo: duas horas mais tarde o delírio apoderou-se dele e no dia seguinte morreu.

- Que fez então?

- O que devia fazer, senhor, o que qualquer outro faria no meu lugar. Custe o que custar, as súplicas de um moribundo são sagradas; mas entre os marinheiros os pedidos de um superior são ordens que se devem cumprir. Fiz-me portanto de vela para a ilha de Elba, onde cheguei no dia seguinte, proibi a saída de toda a gente a bordo e desci sozinho a terra. Como previra, levantaram-me algumas dificuldades para me introduzir junto do grande marechal, mas mandei-lhe o anel que devia servir-me de sinal de reconhecimento e todas as portas se abriram diante de mim. Recebeu-me, interrogou-me acerca das últimas circunstâncias da morte do infeliz Leclère e, como este previra, entregou-me uma carta que me encarregou de levar pessoalmente a Paris. Prometi-lho, porque isso equivalia a cumprir as últimas vontades do meu comandante. Desembarquei e regularizei rapidamente todos os assuntos de bordo; depois, corri a ver a minha noiva, que encontrei mais bonita e apaixonada do que nunca. Graças ao Sr. Morrel, passamos por cima de todas as dificuldades eclesiásticas. Enfim, senhor, assistia como lhe disse ao banquete do meu noivado, ia casar-me dentro de uma hora e contava partir amanhã para Paris quando por via dessa denúncia, que o senhor parece desprezar agora tanto como eu, fui preso.

- Sim, sim - murmurou Villefort -, tudo isso me parece ser verdade, e se o senhor é culpado, é de imprudência, embora essa imprudência seja legítima devido às ordens do seu comandante.

Entregue-me essa carta que lhe deram na ilha de Elba, dê-me a sua palavra de que se apresentará à primeira convocação e volte para junto dos seus amigos.

- Quer dizer que estou livre, senhor?! - exclamou Dantès, no cúmulo da alegria.

- Está, mas primeiro dê-me essa carta.

- Deve estar diante de si, senhor, pois apreenderam-ma com os meus outros papéis e reconheço alguns deles nesse maço.

- Espere - disse o substituto a Dantès, que pegava nas luvas e no chapéu. - Espere. A quem é dirigida?

- Ao Sr. Noirtier, Rua Coq- Héron, em Paris.

Um raio que caísse sobre Villefort não o fulminaria mais rápida e imprevistamente. Deixou-se cair na poltrona, donde se soerguera para chegar ao maço de papéis apreendidos a Dantès, remexeu-o precipitadamente e tirou dele a carta fatal, à qual deitou um olhar cheio de indizível terror.

- Sr. Noirtier, Rua Coq- Héron, n.º 13 - murmurou, empalidecendo cada vez mais.

- Sim, senhor - confirmou Dantès, atónito. - Conhece-o?

- Não - respondeu vivamente Villefort. - Um fiel servidor do rei não conhece conspiradores.

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 53

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069