O Conde de Monte Cristo - Cap. 54: A alta e a baixa Pág. 532 / 1080

E - continuou deitando uma olhadela a Lucien, que folheava um álbum -, e ela, é bonita, Mademoiselle Eugénie? Porque creio que se chama Eugénie.

- Muito bonita, ou antes, muito bela - respondeu Albert - mas de uma beleza que não aprecio. Sou um indigno!

- Fala dela como se já fosse seu marido!

- Oh! - exclamou Albert, olhando à sua volta para ver por sua vez o que fazia Lucien.

- Sabe que não me parece entusiasmado com esse casamento? - observou Monte-Cristo, baixando a voz.

- Mademoiselle Danglars é demasiado rica para mim e isso assusta-me - declarou Morcerf.

- Ora, ora, que boa razão! - exclamou Monte-Cristo. - O senhor também não é rico?

- O meu pai tem qualquer coisa como umas cinquenta mil libras de rendimento e desse dinheiro talvez me dê dez ou doze mil quando me casar.

- Na verdade é pouco - admitiu o conde -, sobretudo em Paris. Mas a fortuna não é tudo neste mundo, também vale alguma coisa um belo nome e uma alta posição social. O seu nome é célebre, a sua posição, magnífica, e depois o conde de Morcerf é um soldado e o mundo gosta de ver a integridade de Bayard aliada à pobreza de Du Guesclin. O desinteresse é o mais belo raio de sol a que possa reluzir uma nobre espada. Eu, muito pelo contrário, acho que essa união não pode ser mais vantajosa: Mademoiselle Danglars enriquecê-lo-á e o senhor enobrecê-la-á!

Albert abanou a cabeça e ficou pensativo.

- Há ainda outra coisa - disse.

- Confesso - prosseguiu Monte-Cristo - que tenho dificuldade em compreender essa repugnância por uma rapariga rica e bela.

- Oh, meu Deus, esta repugnância, se repugnância existe, não vem toda do meu lado! - declarou Morcerf.

- De que lado mais vem então? Porque o senhor disse-me que o seu pai desejava esse casamento...

- Do lado da minha mãe, e a minha mãe possui uma visão prudente e segura. Ora esta união não lhe sorri. Tem não sei que prevenção contra os Danglars.

- Oh, isso compreende-se! - redarguiu o conde em tom um pouco forçado. - A Sr.ª Condessa de Morcerf, que é a distinção, a aristocracia e a delicadeza em pessoa, hesita um pouco em tocar numa mão plebeia, grosseira e brutal. É natural.

- Não sei se se trata disso, na realidade - respondeu Albert mas o que sei é que me parece que este casamento, se se fizer, a tornará infeliz. Já nos devíamos ter reunido para tratar das coisas há seis semanas, mas tenho andado com umas dores de cabeça...

- Reais? - perguntou o conde, sorrindo.

- Oh, muitíssimo reais! Se não as dores de cabeça, pelo menos o medo, sem dúvida... que já me levou a adiar a reunião por dois meses. Não há pressa, compreende?





Os capítulos deste livro

Marselha - A Chegada 1 O pai e o filho 8 Os Catalães 14 A Conspiração 23 O banquete de noivado 28 O substituto do Procurador Régio 38 O interrogatório 47 O Castelo de If 57 A festa de noivado 66 Os Cem Dias 89 O número 34 e o número 27 106 Um sábio italiano 120 A cela do abade 128 O Tesouro 143 O terceiro ataque 153 O cemitério do Castelo de If 162 A Ilha de Tiboulen 167 Os contrabandistas 178 A ilha de Monte-Cristo 185 Deslumbramento 192 O desconhecido 200 A Estalagem da Ponte do Gard 206 O relato 217 Os registos das prisões 228 Acasa Morrel 233 O 5 de Stembro 244 Itália - Simbad, o marinheiro 257 Despertar 278 Bandidos Romanos 283 Aparição 309 A Mazzolata 327 O Carnaval de Roma 340 As Catacumbas de São Sebastião 356 O encontro 369 Os convivas 375 O almoço 392 A apresentação 403 O Sr. Bertuccio 415 A Casa de Auteuil 419 A vendetta 425 A chuva de sangue 444 O crédito ilimitado 454 A parelha pigarça 464 Ideologia 474 Haydée 484 A família Morrel 488 Píramo e Tisbe 496 Toxicologia 505 Roberto, o diabo 519 A alta e a baixa 531 O major Cavalcanti 540 Andrea Cavalcanti 548 O campo de Luzerna 557 O Sr. Noirtier de Villefort 566 O testamento 573 O telégrafo 580 Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588 Os fantasmas 596 O jantar 604 O mendigo 613 Cena conjugal 620 Projetos de casamento 629 No gabinete do Procurador Régio 637 Um baile de Verão 647 As informações 653 O baile 661 O pão e o sal 668 A Sra. de Saint-Méran 672 A promessa 682 O jazigo da família Villefort 705 A ata da sessão 713 Os progressos de Cavalcanti filho 723 Haydée 732 Escrevem-nos de Janina 748 A limonada 762 A acusação 771 O quarto do padeiro reformado 776 O assalto 790 A mão de Deus 801 Beauchamp 806 A viagem 812 O julgamento 822 A provocação 834 O insulto 840 A Noite 848 O duelo 855 A mãe e o filho 865 O suicídio 871 Valentine 879 A confissão 885 O pai e a filha 895 O contrato 903 A estrada da Bélgica 912 A estalagem do sino e da garrafa 917 A lei 928 A aparição 937 Locusta 943 Valentine 948 Maximilien 953 A assinatura de Danglars 961 O Cemitério do Père-lachaise 970 A partilha 981 O covil dos leões 994 O juiz 1001 No tribunal 1009 O libelo acusatório 1014 Expiação 1021 A partida 1028 O passado 1039 Peppino 1049 A ementa de Luigi Vampa 1058 O Perdão 1064 O 5 de Outubro 1069