- Deveras? - redarguiu o major, olhando a vestimenta com certa complacência.
- Sim. Isso usa-se ainda em Via-Reggio, mas em Paris há já muito tempo que esse traje, por muito elegante que seja, passou de moda.
- Que pena! - lamentou-se o lucano.
- Oh, se gosta assim tanto dela poderá tornar a vesti-la quando se for embora!
- Mas entretanto que usarei?
- O que encontrará nas suas malas...
- Como nas minhas malas? Só trouxe uma maleta...
- Consigo, sem dúvida. Para que havia de vir carregado? De resto, um velho soldado gosta de marchar com equipamento ligeiro.
- Foi precisamente por isso...
- Mas como é um homem precavido, mandou as malas adiante e elas chegaram ontem ao Hotel dos Príncipes, na Rua de Richelieu. Foi lá que mandou reservar os seus aposentos.
- Então essas malas?...
- Presumo que tomou a precaução de ordenar ao seu criado de quarto que metesse tudo o que precisava: trajes civis, uniformes militares... Nas grandes circunstâncias usará uniforme; é mais conveniente. E não esqueça as suas condecorações. Em França zomba-se disso, mas toda a gente continua a usá-las.
- Muito bem, muito bem, muito bem! - exclamou o major, que ia de deslumbramento em deslumbramento.
- E agora - disse Monte-Cristo - que o seu coração está preparado para as emoções demasiado vivas, chegou a altura, caro Sr. Cavalcanti, de tornar a ver o seu filho Andrea.
E saudando delicadamente o lucano, deslumbrado, extasiado, Monte-Cristo desapareceu atrás da tapeçaria.