Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 58: O Sr. Noirtier de Villefort

Página 570

- Não, não - respondeu o olhar.

- Oh, assustas-me! Que te terão dito, meu Deus? E procurou.

- Oh, já sei! - exclamou baixando a voz e aproximando-se do velho. - Falaram do meu casamento, talvez?...

- Falaram - replicou o olhar, irritado.

- Compreendo, estás zangado comigo por causa do meu silêncio. Mas, que queres, tinham-me recomendado que não te dissesse nada; nem a mim própria tinham dito nada, eu é que de certo modo lhes descobri o segredo, por indiscrição. Aqui tens porque fui tão reservada contigo. Perdoa-me, avozinho Noirtier.

De novo fixo e inexpressivo, o olhar pareceu responder. «Não é apenas o teu silêncio que me aflige.»

- Que mais é então? - perguntou a jovem. - Julgas talvez que te abandonarei, avozinho, e que o meu casamento me tornará esquecida?

- Não - respondeu o velho.

- Disseram-te então que o Sr. de Epinay consentia que morássemos juntos?

- Disseram.

- Então porque estás zangado? Os olhos do velho adquiriram uma expressão de infinita doçura.

- Sim, compreendo - disse Valentine. - Porque me amas?

O velho fez sinal que sim.

- E tens medo que seja infeliz?

- Tenho.

- Não gostas do Sr. Franz?

Os olhos repetiram três ou quatro vezes: «Não, não, não.»

- E é por isso que estás tão triste, avozinho?

- É.

- Então, escuta - disse Valentine, ajoelhando diante de Noirtier e rodeando-lhe o pescoço com os braços. - Também estou muito triste porque, como tu, não gosto do Sr. Franz de Epinay.

Um relâmpago de alegria passou pelos olhos do velho.

- Lembras-te de quando quis ir para o convento também te zangaste muito comigo?

Uma lágrima humedeceu a pálpebra ressequida do velho.

- Pois era para fugir a esse casamento que me enche de desespero - confessou Valentine.

A respiração de Noirtier tornou-se arquejante.

- Então o meu casamento entristece-te muito, avozinho? Oh, meu Deus, se pudesses ajudar-me, se pudéssemos ambos destruir-lhes o seu projecto! Mas não tens forças para eles... Tu, que no entanto possuis um espírito tão vivo e uma vontade tão firme, quando se trata de lutar és tão fraco e até mais fraco do que eu. Pouca sorte a minha! Tu, que terias sido para mim um protector tão poderoso quando tinhas força e saúde, hoje só podes compreender-me e regozijar-te ou afligir-te comigo. É a derradeira felicidade que Deus se esqueceu de me levar com as outras.

Depois destas palavras surgiu nos olhos de Noirtier uma tal expressão de malícia e eloquência que a jovem julgou ler neles: «Enganas-te, posso ainda fazer muito por ti.»

- Podes fazer alguma coisa por mim, querido avozinho? - traduziu Valentine.

- Posso.

<< Página Anterior

pág. 570 (Capítulo 58)

Página Seguinte >>

Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 570

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069