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Capítulo 58: O Sr. Noirtier de Villefort

Página 569

- Ora - continuou Villefort -, os verdadeiros culpados, aqueles que sabem que cometeram o crime, aqueles sobre os quais pode descer a justiça dos homens durante a sua vida e a justiça de Deus depois da sua morte, seriam muito felizes se estivessem no nosso lugar e tivessem uma filha para oferecer ao Sr. Franz de Epinay, a fim de apagarem até a mais pequena aparência de suspeita.

Noirtier acalmara-se graças a uma energia que se não esperaria encontrar naquele organismo depauperado.

- Sim, compreendo - respondeu com o olhar a Villefort, e esse olhar exprimia simultaneamente a cólera inteligente e o desdém profundo.

Pela sua parte, Villefort respondeu àquele olhar, no qual lera o que continha, com um leve encolher de ombros. Depois, fez sinal à mulher para se levantar.

- Os meus cumprimentos, senhor - disse a Sr.ª de Villefort. - Gostaria que Edouard lhe viesse apresentar também os seus cumprimentos?

Estava assente que o velho exprimiria a sua aprovação fechando os olhos e a sua recusa abrindo-os e fechando-os várias vezes, e que desejaria exprimir qualquer desejo quando os erguesse ao céu.

Se queria Valentine, fechava apenas o olho direito. Se queria Barrois, fechava o olho esquerdo. Ao ouvir a proposta da Sr.ª de Villefort, piscou vivamente os olhos. Brindada com uma recusa evidente, a Sr.ª de Villefort contraiu os lábios.

- Nesse caso, quer que lhe mande Valentine? - perguntou.

- Quero - respondeu o velho, fechando os olhos com vivacidade.

O Sr. e a Sr.ª de Villefort cumprimentaram, saíram e ordenaram que se chamasse Valentine, já prevenida, de resto, de que teria de fazer qualquer coisa durante o dia junto do Sr. Noirtier.

Ainda muito corada de emoção, Valentine entrou no quarto do velho depois deles saírem. E bastou-lhe um olhar para adivinhar como o avô sofria e quantas coisas tinha para lhe dizer.

- Então, avozinho, que aconteceu? Fizeram-te zangar, não é verdade, e estás irritado?

- Estou - respondeu ele fechando os olhos.

- Com quem? Com o meu pai? Não. Com a Sr.ª de Villefort? Também não. Comigo? O velho fez sinal que sim.

- Comigo? - repetiu Valentine, atónita.

O velho repetiu o sinal.

- E que te fiz eu, avozinho? - inquiriu Valentine.

Nenhuma resposta. Ela continuou:

- Não te pude ver durante o dia. Contaram-te alguma coisa a meu respeito?

- Contaram - respondeu o olhar do velho, com vivacidade.

- Deixa-me procurar... Meu Deus, juro-te, avozinho... Ah! O Sr. e a Sr.ª de Villefort estiveram aqui, não estiveram?

- Estiveram.

- E foram eles que te disseram coisas que te zangaram? O quê? Queres que lhes vá perguntar para que me possa justificar junto de ti?

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 569

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069